Cotidiano

Ato homenageia médico morto a facadas na Lagoa

RIO — Faz um ano que o cardiologista Jaime Gold foi esfaqueado no abdômen por ladrões quando andava de bicicleta na Lagoa Rodrigo de Freitas. De lá para cá, o número de homicídios no Estado do Rio só aumentou. Segundo uma prévia não-oficial do Instituto de Segurança Pública (ISP), foram registrados 453 assassinatos em abril. Isso representa um aumento de 33,6% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando houve 339 casos.

Em homenagem a memória do médico e em protesto ao alto índice de homicídios no Estado, a ONG Rio de Paz colocou flores na Curva do Calombo, onde o crime ocorreu. No local, há uma bicicleta e uma série de placas denunciando a morte de crianças atingidas por balas perdidas e de policiais militares. O espaço ficou conhecido como Placar da Violência e é constantemente atualizado.

— Aqui é um cemitério a céu aberto para lembrar aos familiares das vítimas que nós não esquecemos dos crimes cometidos. Prestamos nossa solidariedade e respeito aos mortos criando esse espaço. Queremos expressar nossa esperança de que um dia a situação vá mudar — afirmou Antônio Carlos Costa, presidente da Rio de Paz.

A família do cardiologista não compareceu à manifestação, bem como representantes da Polícia Militar, da Prefeitura e do Governo do Estado. A população local também não se juntou ao ato simbólico.

ONG faz ato em memória de médico morto há um ano na Lagoa, RioDos três menores apontados como participantes do assassinato de Jaime Gold, dois foram condenados pelo crime análogo a latrocínio (roubo seguido de morte), pela Vara da Infância e Juventude da Capital, em junho do ano passado, e permanecem internados no Educandário Santo Expedito, em Bangu, na Zona Oeste. O terceiro adolescente, que foi absolvido na época, está cumprindo medida de semiliberdade, fora da capital, por ter cometido outra infração, não informada pelo Tribunal de Justiça.

O tempo máximo de internação para os dois jovens condenados é de, no máximo, três anos, mas uma reavaliação deve ser feita a cada seis meses. Um dos adolescentes internados já passou por duas reavaliações: uma em janeiro e outra em abril. A próxima está marcada para o dia 13 de setembro.

Aos 17 anos, X., está matriculado no 2° ano do ensino fundamental e em uma oficina de teatro, aguardando vaga no curso de barbearia. Com 15 passagens pela polícia por furtos e roubos, ele relatou à equipe técnica do Degase que praticou diversos crimes com a intenção de “vingar o assassinato dos pais”. Na avaliação de X., consta que ele “continua introspectivo em relações afetivas” e que “se envolveu em um episódio de agressão no interior da unidade”.

Já o segundo adolescente internado tem hoje 16 anos. Sua última reavaliação foi em dezembro. Uma nova reavaliação estava marcada para a última terça-feira, mas os relatórios da equipe técnica não haviam sido juntados ao processo. De acordo com o Tribunal de Justiça, ainda não há data marcada. Informações de funcionários da unidade apontam que Y. é apontado como uma liderança negativa e que tem sido separado frequentemente dos outros internos, em um quarto reservado, por incentivar motins.