Esportes

Atleta do Kuwait ganha ouro no tiro, mas sem bandeira hasteada e hino

RIO – Após a conquista de uma medalha, um dos momentos mais emocionantes para os atletas é a cerimônia de premiação, quando a bandeira de seu país é hasteada e o Hino Nacional, tocado. Mas Fehaid Al Deehani não pode sentir tal emoção, apesar de, nesta quarta-feira, ter ganho o ouro na fossa dupla (tiro a dois pratos), no Centro de Tiro, em Deodoro. Em outubro de 2015, seu país, o Kuwait, foi banido dos Jogos Olímpiicos. Al Deehani e outros sete países foram liberados para competir como independentes no Rio.

Ele fez história. É a primeira vez nos Jogos Olímpicos que um esportista desta delegação conquista o ouro. Éste é também o primeiro ouro do Kuwait em Jogos Olímpicos.

– Essa medalha é para o meu país. Para as pessoas que não querem que a gente participe da Olimpíada – disse. – Estou mostrando a elas que estamos aqui e ganhamos o ouro.

Antes de Al Deehani, apenas três atletas independentes haviam conquistado medalhas em Olimpíadas. Todas no tiro esportivo. Nos Jogos de Barcelona 1992, Jasna Sekaric faturou a prata na pistola de ar, enquanto Aranka Binder e Stevan Pletikosic levaram bronze na carabina de ar e deitado, respectivamente.

Al Deehani levou o ouro ao vencer o italiano Marco Innocenti por 30 a 28. O pódio foi completado pelo britânico Steven Scott. Durante a prova, o kuwaitiano recebeu cartão amarelo dos juízes por ficar eufórico e abandonar o local de competição antes da hora, ao garantir classificação antecipada para a final. A primeira reação foi se ajoelhar no chão, em uma espécie de agradecimento.

O ouro, porém, não foi a primeira medalha do Kuwaitiano. Em Sydney-2000, ele se tornou o primeiro kuwaitiano a conquistar uma medalha olímpica: bronze no tiro esportivo. Em Londres-2012, repetiu o feito. Dessa vez, contudo, não pode representar o seu país.

O Kuwait foi suspenso pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) em outubro de 2015 por interferência governamental, tanto na entidade, quanto na Fifa. Com isso, os atletas kuwaitianos foram impedidos de competir na Olimpíada sob a própria bandeira. Eles só poderiam participar em torneios individuais, caso conseguissem a classificação, e atuariam como representantes do movimento olímpico. Por causa da proibição, em junho deste ano o Kuwait entrou, na Suíça, com um processo no valor de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 3,3 bilhões) contra o COI.