Cotidiano

Atentado de Paris seria seguido por ataques pela Europa, diz CNN

PARIS – Uma investigação feita pela CNN e divulgada nesta segunda-feira afirma, com base em documentos judiciais, que a rede montada pelo Estado Islâmico que matou 130 pessoas no atentado coordenado de novembro passado em Paris pretendia continuar a carnificina com ainda mais ataques em outros locais. Os extremistas envolvidos contavam com pelo menos outros dois colegas que nunca apareceram nas investigações originais. Ainda de acordo com materiais de agências europeias, alguns dos terroristas que se explodiram no atentado se passaram por refugiados, saindo da Síria e se infiltrando na Europa com outros migrantes.

Funcionários de contraterrorismo europeus que falaram com a CNN relataram que a célula de Paris teria tido ataques acompanhados por outros que, em conjunto, fariam um plano ?ainda mais ambicioso? para atingir a Europa. Investigadores dão conta de que o EI teria mandado soldados para atacar a Holanda e outros lugares na França, como áreas de comércio e um supermercado (em janeiro, um terrorista afiliado ao grupo matou quatro pessoas num sequestro em um mercado judaico na capital).

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De acordo com 90 mil páginas documentos de Inteligência obtidos e sendo vasculhados pela CNN, os atacantes de Paris e outros, como no atentado de março ao aeroporto internacional de Bruxelas, esperavam ordens diretas de comandantes na Síria para organizar e realizar ataques. Eles se comunicariam por aplicativos de celular com criptografia praticamente inquebrável, como o Telegram.

? O Estado Islâmico está aumentando seus planejamentos internacionais de ataque. É cada vez mais sofisticado. Criam um intrincado sistema de apoio logístico. Atentado & Paris

Documentos mostram ainda que havia um outro terrorista ? nunca antes nomeado em público ? que seria diretamente ligado à célula que atacou a cidade em 13 de novembro, e ficou à solta por meses. Abid Tabaouni só foi preso em julho, na Bélgica, depois mesmo da prisão do principal foragido do ataque, Salah Abdeslam.

Uma equipe da CNN passou meses fazendo pesquisas em cima dos documentos obtidos. Em alguns dos materiais já processados, a rede de TV relata que as investigações sobre as redes terroristas como a de Paris trocavam apoio logístico sobre como se identificar em postos de fronteira e como entrar ilegalmente em outros países, como, por exemplo, ?se escondendo em banheiros de trens?.

Dois membros de um dos grupos da célula, Ahmad al-Mohammad e Mohamad al-Mahmod, se explodiram do lado de fora do Stade de France, em Saint-Denis. Os dados comprovam que eles cruzaram da Síria para a Turquia e, posteriormente, foram à costa turca em Izmir, acompanhados de outros dois jihadistas que acabariam pedindo refúgio na Áustria. Um deles seria Adel Haddadi, marroquino que coordenaria operações na Europa através do centro de refugiados onde ficou (e onde foi preso em dezembro).

De lá, atravessaram pelo Mar Egeu para a Grécia, sendo interceptados e levados como quaisquer outros refugiados. Chegaram a ficar detidos pela fraude, descoberta pelas autoridades gregas. Em outubro, no entanto, a dupla teria subido rumo à Macedônia e a Sérvia, eventualmente indo até Paris.

Um comandante na Síria ainda desconhecido das autoridades, Abu Ahmad, aparece citado várias vezes recrutando e organizando os jihadistas em operações logísticas, como fazendo com que entrassem em contato com traficantes de pessoas e negociando o aluguel de carros, além de programar celulares com criptografia e falsificar passaportes sírios.