Cotidiano

Atendimentos comprometidos no Molivi

As dificuldades financeiras enfrentadas pela comunidade terapêutica Molivi – Movimento para Libertação de Vidas –, que atende dependentes químicos em Cascavel, colocam em risco a continuidade dos atendimentos.

Sem a garantia de recursos por meio de convênio que não será renovado com o poder público, a manutenção dos serviços se tornou praticamente inviável.

A equipe entrou na disputa de licitação para a oferta de vagas ao Município, porém, diante da pendência em documentação exigida dentro do prazo do certame, não foi classificada.

“Deixaremos de receber R$ 8 mil ao mês por termos perdido a licitação”, afirma o presidente do Molivi, Milton Cesar Fontoura Alves, que há oito meses está à frente do cargo.

O custo mensal por paciente hoje fica em torno de R$ 730. Mesmo durante o convênio, doações eram essenciais para dar conta de cobrir esse montante.

Além disso, a comunidade tem despesas mensais fixas com conta de água, luz e principalmente com funcionários, cuja folha de pagamento é de R$ 23 mil.

“O salário de novembro foi pago somente na última semana. O 13º salário ainda não tivemos condições de pagar”, relata o presidente as pendências perante os dez funcionários.

Dívida de R$ 60 mil

Fontoura sabe que a melhor saída seria encerrar os atendimentos, diante de uma dívida que chega a R$ 60 mil, mas o comprometimento com a população que depende da comunidade é o que lhe motiva a buscar alternativas. “Tem o lado humano e recebo mães e muitas famílias que precisam de ajuda”.

A comunidade tem capacidade para recebe até 30 pacientes, mas atualmente consegue atender no máximo dez.

Doações

O presidente comenta que a maior parte das doações chega por meio das igrejas e que nos últimos meses houve muita resistência em relação às ajudas.

“Infelizmente, o dependente químico ainda é mal visto. Se solicitamos doações em uma empresa, ainda há preferência por ajuda a entidade que atende paciente com câncer, por exemplo”.

Atividades que fazem parte do tratamento dos pacientes não podem ser realizadas pela falta de recursos, assim como benfeitorias na comunidade.

Superação

Um dos pacientes da comunidade com 58 anos e que terá a identidade preservada na reportagem comenta sobre a superação da dependência do álcool no Molivi.

“Já estou aqui há cinco meses. Antes passei por clínicas no Mato Grosso, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Essa comunidade tem um papel muito importante e a sociedade deveria se organizar para ajudar. Ninguém está livre de ter o vício. Eu mesmo tenho duas faculdades e sofri, mas chegou a minha hora de vencer”, diz ele.

Quem quiser conhecer mais e colaborar com o Molivi, que está localizado na Rua Toledo, 479, Jardim Periolo, pode entrar em contato pelos telefones (45) 3225-6695 ou 99918-6858.