Policial

Ataque com arma química deixou mais de 50 mortos na Síria

Um bombardeio aéreo que liberou "gás tóxico" na província de Idlib, norte da Síria, matou 58 pessoas, entre elas nove crianças, nesta terça-feira (4), de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Cerca de 200 pessoas ficaram feridas.

De acordo com a ONG, que não sabe que tipo de gás foi liberado, os civis morreram por asfixia em Khan Sheikhun. Dezenas apresentaram problemas respiratórios, vômitos e demaios. O ministro da Defesa russo negou ter feito o ataque. A chefe da diplomacia europeia culpou o regime sírio pela ação.

Fotos de ativistas mostram voluntários dos Capacetes Brancos, grupo de socorristas na zona rebelde, no momento em que tentavam ajudar os feridos. Eles jogam água no rosto das pessoas e pelo menos dois homens aparecem com espuma branca ao redor da boca.

O opositor Conselho Local de Khan Sheikhun afirmou, em um comunicado, que foram registrados quatro ataques com bombas termobáricas que continham gás cloro e gás sarin, segundo a Deutsch Welle. Depois desses ataques, o Observatório Sírio de Direitos Humanos afirmou que houve um novo bombardeio na região de um centro médico da cidade. Oito pessoas morreram.

A violenta ação aconteceu no dia que marca o início de uma conferência de dois dias em Bruxelas sobre o futuro da Síria, com mediação da União Europeia e da Organização das Nações Unidas (ONU), segundo a France Presse.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, declarou ao colega russo Vladimir Putin, durante una conversa telefônica, que o ataque químico na Síria foi desumano e ameaça o processo de paz neste país.

A oposição síria pediu ao Conselho de Segurança da ONU a abertura de uma investigação sobre o ataque com "gás tóxico" no noroeste do país. A França pediu uma reunião urgente do Conselho para discutir o ataque.

A Coalizão Nacional, principal grupo da oposição síria, pede em um comunicado ao Conselho de Segurança que "convoque uma reunião urgente após este crime e abra uma investigação imediata". A nota acusa o "regime do criminoso Bashar al-Assad" de ter executado os bombardeios contra Khan Sheikhun com "obuses que continham gás químico".

A província de Idlib é controlada em sua maior parte por uma aliança de rebeldes e jihadistas, segundo a France Presse. A região é bombardeada com frequência por aviões do exército sírio e da Rússia, assim como da coalizão liderada pelos Estados Unidos para neutralizar os jihadistas.

Armas químicas

O governo sírio negou em muitas oportunidades o uso de armas químicas em uma guerra que já provocou mais de 320.000 mortes desde março de 2011.

Mas as alegações de que Damasco utiliza este tipo de armamento são recorrentes e uma investigação liderada pela ONU atribuiu ao regime pelo menos três ataques com gás cloro em 2014 e 2015. A Síria ratificou a Convenção sobre a Proibição de Armas Químicas em 2013.

O OSDH, que tem sede na Grã-Bretanha e conta com uma ampla rede de fontes na Síria, não soube informar se os bombardeios foram executados por aviões das Forças Armadas sírias ou russos, aliados do regime de Damasco.