Política

Assessores de gabinete têm salário maior do que os próprios senadores

Todos os servidores efetivos que trabalham nos gabinetes custam R$ 8,8 milhões por mês, um total de R$ 115 milhões por ano

A cúpula menor, voltada para baixo, abriga o Plenário do Senado Federal. A cúpula maior, voltada para cima, abriga o Plenário da Câmara dos Deputados.
A cúpula menor, voltada para baixo, abriga o Plenário do Senado Federal. A cúpula maior, voltada para cima, abriga o Plenário da Câmara dos Deputados.

Servidores efetivos que trabalham nos gabinetes dos senadores têm salário maior do que o próprio chefe, de R$ 33,7 mil. Considerando os gabinetes dos parlamentares, lideranças partidárias e cargos da Mesa Diretora do Senado, são 247 servidores efetivos. Desse total, 188 ganham acima disso, sendo 48 com renda bruta acima do teto constitucional do funcionalismo público, de R$ 39,3 mil. As informações são de Lúcio Vaz, da Gazeta do Povo.

Apesar de elevados, esses supersalários não serão alterados pela reforma administrativa, que valerá somente para quem entrar no serviço público a partir da sua aprovação pelo Congresso. Os atuais servidores terão mantidos os direitos adquiridos.

O maior rendimento bruto, da chefe de gabinete do senador Renan Calheiros (MDB-AL), Martha Lyra Nascimento, bate nos R$ 49,8 mil. Só de “vantagens pessoais”, ela recebe R$ 14,7 mil, mais que o dobro do teto do INSS.

No gabinete do senador Paulo Paim (PT-RS), o assessor Luiz Alberto dos Santos, com função comissionada, tem renda bruta de R$ 49,2 mil. O subchefe de gabinete de Jarbas Vasconcelos (MDB-PE), Luno de Lima Barbosa, tem rendimento bruto de R$ 47,2 mil. Todos que contam com salário bruto acima do teto constitucional sofrem o abate-teto.

Mesmo entre assessores que são técnicos legislativos – servidores de nível médio -, 94 ganham mais que os senadores, com média salarial bruta de R$ 36,5 mil. Doze deles têm renda acima do teto constitucional. A renda média desses servidores chega a R$ 34 mil. A maior renda bruta é de R$ 41 mil. A menor é ainda bastante atrativa, de R$ 23,9 mil.

Até mesmo um auxiliar legislativo tem renda maior do que os senadores. Trata-se de Celso Saleh Júnior, subchefe de gabinete do senador Izalci Lucas (PSDB-DF), com salário de R$ 33,9 mil. Ele ingressou no Senado na especialidade de processo industrial gráfico – a Gráfica do Senado. Izalci conta com 81 assessores no seu gabinete – a maior lotação desta legislatura. Mas ele queria ter 100 assessores.

O menor salário entre os auxiliares legislativos dos gabinetes é de R$ 27,6 mil – o equivalente a 110 “auxílios emergenciais”. É pago a Marco Túlio da Silva, único servidor efetivo do gabinete do ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP). O servidor também é egresso do processo industrial gráfico.

Há 99 servidores efetivos de nível superior nos gabinetes de senadores, lideranças partidárias e cargos da Mesa. São advogados, analistas e consultores legislativos. Desse total, 93 têm salário maior que os senadores, sendo 38 deles com renda bruta acima do teto constitucional.

Todos os servidores efetivos que trabalham nos gabinetes custam R$ 8,8 milhões por mês, um total de R$ 115 milhões por ano. O valor médio do salário chega a R$ 36 mil.