Cotidiano

Assassino de embaixador russo era segurança do presidente turco

turkey_02.jpg ANCARA ? O policial que assassinou o embaixador russo Andrei Karlov em Ancara trabalhou como segurança do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, em oito eventos desde o golpe militar fracassado de 15 de julho. A informação é do jornal local “Hurriyet”, que busca informações sobre a história de Mevlut Mert Altintas, de 22 anos, que disparou nove tiros contra o diplomata em uma galeria de arte. Antes de ser morto pela polícia, o atirador afirmou, consternado, que o assassinato era uma resposta à crueldade da guerra civil síria, que já deixou centenas de milhares de mortos em pouco mais de cinco anos.

Nos eventos citados pela publicação turca, Altintas integrava o segundo grupo de proteção a Erdogan, depois dos seguranças pessoais do presidente. Treze pessoas já foram presas na investigação sobre o assassinato do embaixador ? incluindo a mãe, o pai, a irmã e dois parentes do atirador na província de Aydin. Em Ancara, foi preso o colega de apartamento de Mert Altintas.

O chefe da diplomacia turca, Mevlut Cavusoglu, disse ao secretário de Estado americano, John Kerry, que a rede do clérigo Fethullah Gülen, grande inimigo de Erdogan, estava por trás do assassinato. Gülen vive há anos na Pensilvânia e é também acusado pelo governo de ter instigado a tentativa de golpe militar em julho. Ele nega envolvimento no caso.

As autoridades turcas estão investigando os possíveis vínculos entre Altintas e Gülen. Um dos focos da investigação é um centro de ensino frequentado pelo policial e dirigido pelo grupo ligado ao clérigo.

Para auxiliar na apuração do caso, a Rússia enviou um grupo de investigadores para Ancara. Em coletiva de imprensa na terça-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que o assassinato de Karlov interessava aos que desejavam um acirramento político entre Rússia e Turquia, mas o crime não vai afetar os esforços na busca por um acordo de paz na Síria.

Peskov disse ainda que não existem planos para o fechamento temporário da embaixada russa em Ancara, nem de uma possível evacuação de diplomatas da Turquia.

Os EUA informaram que as três missões do país na Turquia seriam fechadas na terça-feira, após disparos em frente ao prédio da embaixada dos EUA em Ancara durante a noite. A embaixada fica próxima à galeria onde Karlov foi morto. A polícia deteve um homem durante o incidente, relatou a mídia estatal turca.