DAMASCO ? O presidente sírio, Bashar al-Assad, declarou que o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, será um aliado natural de Damasco se lutar contra o terrorismo. As afirmações vieram de uma entrevista de terça-feira à noite transmitida pela emissora pública portuguesa RTP. No entanto, Assad levantou dúvidas se o republicano poderá mesmo cumprir as suas promessas de campanha, em que repetiu diversas vezes que a luta contra organizações terroristas deve ser prioritária na Síria, enquanto o país já completa cinco anos de uma sangrenta guerra civil.
? Não podemos dizer nada do que ele vai fazer, mas, vamos dizer que, se ele vai lutar contra o terrorismo, é claro que vamos ser aliados: aliados naturais da mesma maneira que somos dos russos, dos iranianos e de muitos outros países que querem derrotar o terrorismo ? afirmou Assad na entrevista à RTP.
O regime de Damasco chama de terroristas todos os grupos armados que lhe são hostis. Isso inclui os rebeldes moderados e os extremistas, como os jihadistas do Estado Islâmico (EI), que controlam amplas zonas da Síria. Frente à complexa guerra de múltiplos agentes, Assad colocou em dúvida quanto Trump realmente poderá agir dentro do país.
? Obviamente ele promete, mas poderá cumpri-lo? Poderá agir neste sentido? O que acontecerá com as forças opositoras em sua administração e com a tendência dominante midiática contra ele? ? disse. ? É por isso que ainda temos dúvidas sobre o fato de se poderá cumprir suas promessas.
Em entrevista ao Wall Street Journal, publicada no sábado, Trump sugeriu que era preciso lutar mais contra o EI. A guerra na Síria já deixou mais de 300 mil mortos desde 2011, quando o conflito explodiu, com a repressão sangrenta dos protestos populares contra o regime de Assad. Após as eleições nos EUA, a oposição síria, por sua vez, pediu apoio a Trump para proteger os civis e por fim ao banho de sangue no país.
