Cotidiano

As reivindicações do Bairro Santa Cruz

Moradores do Bairro Santa Cruz em Cascavel já perderam a noção do tempo que o salão comunitário que fica na Rua Apalaias deixou de ser utilizado.

Os aspectos observados por todos os lados da estrutura, no entanto, revelam o descaso com o espaço público. O matagal toma conta ao redor do salão comunitário. Há muito lixo e paredes, vidros e portas foram destruídos.

O antigo barracão hoje tem servido apenas para moradia de João Gonçalves, de 50 anos. Sem ter onde morar, ele se submete a precariedade do salão para não dormir a céu aberto.

“Sofri um acidente de trabalho ao cair de um andaime e tive uma grave lesão da coluna. Sinto muita dor e não consigo mais trabalhar”, afirma ao dizer que hoje sobrevive sem nenhuma renda.

A presença dele de certa forma tem inibido a chegada de pessoas que aproveitavam o espaço para consumo de droga. “Já me desentendi com várias delas e as expulsei daqui”, diz Gonçalves.

Impasse

Adilson Pucini mora há 18 anos em frente ao salão comunitário. Ele reconhece que o espaço faz falta à comunidade, mas considera que a revitalização da antiga estrutura não é a melhor alternativa.

“Não consigo entender porque a capela mortuária foi construída ao lado do salão. Dificilmente será possível usá-lo para festas e outras atividades em respeito aos sepultamentos”, argumenta o morador ao lembrar que motoristas para terem acesso ao estacionamento da capela precisam passar pelo terreno do salão comunitário.

Saúde

Terezinha Celestino Ribeiro mora na Rua Apalaias e enfrenta dificuldades sempre quando necessita de atendimento médico.

“Embora a gente não precise enfrentar fila de madrugada, só conseguimos consultas depois de um mês de espera”, diz ela.

Por conta de um problema no fígado ela disse que buscou ajuda para fazer um exame e que nem mesmo remédios para a pressão alta consegue retirar na unidade básica de saúde. “Eles só liberam com a receita médica, e por isso precisamos urgente de mais médicos para agilizar o atendimento”.

Adilson Pucini também sugere ao município uma atenção maior em relação à saúde. “As duas UPAs ficam do outro lado da cidade. Estamos aguardando a unidade da Tancredo iniciar consultas para adultos, mas não sabemos quando isso irá ocorrer”.

Conquistas da antiga gestão

Por mais de dois anos, Valdecir Duarte da Silva atuou como presidente da Associação de Moradores do Bairro Santa Cruz. No último sábado uma nova diretoria foi eleita.

Ele cita que durante o tempo de gestão defendeu as principais reivindicações da comunidade e obteve conquistas.

“Em várias ruas onde havia muitos acidentes conseguimos a instalação de quebra-molas e isso melhorou o trânsito”, afirma.

Sobre a reforma do salão comunitário presidente disse que conversas foram iniciadas na última gestão, mas que o atual prefeito garantiu melhorias.

Tito Muffato

Para que a revitalização na principal avenida do bairro também fosse realizada, o então presidente relata que houve muitos esforços.

“Tivemos diversas reuniões na prefeitura e hoje a obra que certamente trará muitas melhorias é uma realidade”, cita.

Em relação à segurança, Silva comenta que a união de empresários do Santa Cruz também permitiu o patrulhamento pelas ruas.

“Diante dos altos índices de criminalidade não poderíamos ficar sem o apoio de viaturas e como muitas delas precisavam de manutenção, conseguimos arrecadar recursos”, explica.

Dever cumprido

Silva encerra o mandato à frente da associação de moradores satisfeito com o trabalho e destaca ainda entre os projetos a escolinha de futebol que alcançou bons resultados. “O campo ficou por muito tempo parado e hoje temos 84 alunos inscritos. As aulas são gratuitas e a associação repassa uma contribuição ao professor”, comemora.

“Corri atrás de tudo o que pude e o importante é cada presidente lutar pelo melhor da comunidade”, enfatiza.