Cotidiano

Às moscas, comerciantes de distrito fecham as portas

Santa Tereza – João Batista e Ezoleide da Silva nem lembram quando foi a última vez que um cliente parou no estabelecimento comercial para fazer um reparo no carro. E olha que eles estavam entre os empresários mais procurados do Distrito de Santa Maria, que fica na antiga margem da BR-163, em Santa Tereza do Oeste.

Desde que a duplicação de um trecho de 18 quilômetros foi entregue, em novembro de 2017, o movimento para eles acabou. Agora, a rodovia não corta mais o pequeno centro comercial de Santa Maria e o comércio local, que sobrevivia disso, está às moscas.

Diversos comerciantes já abandonaram tudo. Fecharam as portas e as salas comerciais estão lá, algumas até com os vidros estourados. Uma das frutarias mais conhecidas e frequentadas foi uma das primeiras a amargar os prejuízos e não conseguiu manter as portas abertas.

Quem ainda sobrevive ali pensa seriamente em largar tudo: “Não tem mais condições. Não ‘fazemos’ nem para pagar a água. Aqui é alugado e está muito difícil. Com um movimento desses, a gente se obrigou a abrir outra borracharia em Capitão Leônidas Marques. Logo a gente abandona tudo aqui, como é a ideia de todos os comerciantes que restaram”, desabafa Ezoleide, ao lembrar que, antes, quando a rodovia passava pelo distrito, faziam dezenas de consertos diários.

No posto de combustíveis que era referência naquele trecho e era ponto certo de parada de caminhoneiros, na última sexta-feira havia apenas dois veículos parados. Nem mesmo as alças que dão acessão ao distrito fazem com que o movimento seja atraído para ali. “Não adianta a alça, quem está na rodovia só entra no distrito se está realmente precisando, se não, segue viagem”, destaca João Batista.

Em quase uma hora que a reportagem esteve no local, passaram pelo trecho exatos 12 veículos. Dez carros de passeio e dois caminhões. O detalhe é que os carros de passeio eram, todos, de moradores do entorno ou de comerciantes.