Cotidiano

Artigo: Sobre escolhas e não escolhas da comissão do Oscar

Seria leviano simplesmente criticar a escolha de ?Pequeno segredo? à vaga brasileira para a disputa do Oscar. Mas, nas circunstâncias atuais, é possível criticar a não escolha de ?Aquarius?. Links Pequeno Segredo

Nessas indicações ao Oscar, mais de uma vez já se discutiu se a opção deveria ser pelo melhor filme ou pelo melhor filme aos olhos dos seis mil e tantos eleitores da Academia. Na comissão montada este ano pelo Ministério da Cultura, valeu-se da segunda via. Um dos membros da comissão disse que eles buscaram o ?filme que teria maior potencial para seduzir o júri?. Outro afirmou que os eleitores ?são pessoas geralmente mais velhas, então um pouquinho mais conservadoras?.

Como se entra na cabeça de mais de seis mil pessoas para se tirar uma média de suas preferências? O que tem de conservador nos, por exemplo, dois últimos filmes estrangeiros vencedores do Oscar, ?Filho de Saul? e ?Ida??

A própria argumentação de que se optou pelo filme mais apropriado, e não pelo melhor, enfraquece a indicação brasileira ? e é um desrespeito com o ainda inédito ?Pequeno segredo?.

Todas essas dúvidas deveriam ser mais esclarecidas pela comissão de 2016. Ou, então, ficará sempre no ar a suspeita do boicote político a ?Aquarius?, um dos filmes brasileiros mais elogiados dos últimos anos, tanto aqui quanto no exterior, e que, por eventos fora da tela, acabou se tornando um símbolo de crítica ao atual governo.