Cotidiano

Artigo: os principais atores por trás do "não" no plebiscito colombiano

COLOMBIA-PEACE_-G282UHUPK.1.jpg Colômbia BOGOTÁ – O fortalecimento dos setores próximos ao ex-presidente colombiano Álvaro Uribe é a consequência mais imediata do “não” que recebeu ontem 50,23% dos votos no plebiscito.

O Centro Democrático aparece, então, como o partido político mais sintonizado com a opinião pública, antes das eleições presidenciais de 2018. No domingo, ele conseguiu ganhar mais de 6.422.000 de votos sobre o “sim”, que chegou a mais de 6.361 000 votos (49,76 por cento).

O agora senador Álvaro Uribe e o ex-procurador Alejandro Ordóñez são as principais personalidades a favor de acordos de renegociar os acordos de Havana e reafirmam assim o peso imenso que seus pontos de vista têm entre os eleitores.

No entanto, foi a disciplina de ferro do partido do ex-presidente que tornou este resultado possível.

A participação democrática também ganha com o episódio vivenciado ontem. Embora o “sim” tivesse tudo a seu favor para se impor – a máquina do Estado, a sincronia com o momento histórico e o apoio internacional – o resultado mostrou que as decisões dos eleitores são soberanas.

Outros vencedores possíveis com os resultados deste domingo são os chamados de “bacrim” (bandos criminosos). A reorganização das forças armadas, que buscava negociar sua expansão, terá que considerar agora que as Farc continua a ser uma ameaça ao Estado.

A capacidade militar do Estado não poderá se concentrar no fenômeno neoparamilitar, mas distribuirá o poder entre todos os grupos armados.

Também ganha o Exército de Libertação Nacional da Colômbia. Diz-se que os guerrilheiros estão prestes a estabelecer uma rodada pública de negociação com o governo.

Sua margem de manobra seria estendida, se conseguisse selar uma aliança com as Farc, o que permitiria apresentar uma frente guerrilheira comum.

Os proprietários de terra podem respirar tranquilos. Embora os acordos Havana busquem a criação de um banco de terras que não comprometeria propriedades legitimamente estabelecidas, não eram poucos os temores entre os proprietários de grandes extensões.

Terminado o plebiscito, este banco de terras não será mais uma exigência para o Estado.

Finalmente, vence a indústria de guerra e segurança nacional. A continuação da guerra dá tranquilidade às Forças Aramadas que continuarão sendo as maiores do continente.