Cotidiano

Artigo: ?Minha geração vai sofrer as consequências do Brexit?

201606201036528243_RTS.jpg RIO ? Dizem que a família tem grande influência no seu voto. Em teoria, deve ser assim: muitas pessoas crescem rodeadas por discussões familiares sobre política. Meu caso é diferente. Pessoalmente, não tenho nenhuma lembrança de um debate como esse nos almoços de domingo. Então, no momento de formar opinião, minha visão não sofreu muita influência dos meus pais. Assim, não é uma surpresa eu ter um ponto de vista completamente diferente do dos meus familiares sobre o Brexit. brexit2106

Geralmente, a divisão com relação à saída do Reino Unido da União Europeia é justamente uma questão entre gerações. Os mais velhos cresceram numa época em que o Reino Unido não pertencia ao bloco. Meus familiares guardam memórias de um país que teve mais controle sobre suas fronteiras (a maior preocupação deles), além de autonomia para tomar as próprias decisões.

Como parte dos millennials, cresci num Reino Unido multinacional. Nossa geração tem a vantagem de ser parte de uma cultura mais ampla e, por isso, mais viajada. Isto traz uma perspectiva muito mais atual quanto às futuras decisões sobre o Reino Unido.

Morar fora da Inglaterra só destacou a natureza dos ingleses para mim, o quanto nós temos um jeito muito particular de ser separados do mundo. Como uma ilha, sair da União Europeia só nos isolaria ainda mais, e a potencial gravidade econômica de uma situação de exclusão total não vale a pena.

Embora minha mãe sustente que os argumentos contra o Brexit representam o medo de mudar, infelizmente, é a minha geração que vai ter sofrer com as consequências do resultado que possa surgir do referendo, não a dela.

*Sophie Foggin é britânica e está no Rio de Janeiro em intercâmbio.