Cotidiano

Arrecadação sobe 2.400%, contra inflação de 240%

Nos últimos quatro anos, o investimento foi de R$ 732 milhões e o lucro chegou aos R$ 407 milhões

Cascavel – A primeira reunião ordinária da Acic na nova sede da entidade, inaugurada há uma semana, foi marcada por revelações que deixaram o empresariado cascavelense ainda mais perplexo com os astronômicos números do pedágio cobrado no principal corredor de escoamento da produção agropecuária do Oeste paranaense rumo ao Porto de Paranaguá.

O Lote 3 do Anel de Integração, representado pelos 387 km da BR-277 que vão de Foz do Iguaçu a Guarapuava, rendeu à empresa operadora do pedágio R$ 1,1 bilhão de 2012 a 2015 e R$ 2,44 bilhões de 1998 a 2015. Nos últimos quatro anos, o investimento foi de R$ 732 milhões e o lucro chegou aos R$ 407 milhões.

Esses números são frutos de um estudo especializado de 300 horas em balanços, contratos e outras informações publicadas no Diário Oficial do Estado e foram apresentados na reunião pelo presidente da Coopavel, Dilvo Grolli. Em valores atuais, só o agronegócio do Oeste deixa nas praças de pedágio em torno de R$ 100 milhões por ano.

O valor arrecadado pela concessionária saltou de R$ 12,3 milhões em 1998 para R$ 310 milhões em 2015, o que representa um crescimento de 2.400%. Esse montante é dez vezes maior que a inflação registrada no período, de 240%.

“Os números que temos em mãos devem servir de alerta às outras regiões do Estado, que precisam fazer o mesmo para saber se estão pagando um valor justo por esse serviço”, ressaltou o presidente da Coopavel.

DÚVIDAS

Mesmo após esse estudo há algumas dúvidas ainda não sanadas. Uma delas é quanto a um encargo financeiro de R$ 176 milhões mesmo sabendo que a concessionária jamais fechou no vermelho. “Como pagar juros se o resultado sempre foi superavitário?”, indagou Dilvo Grolli.

Outro dado intrincado é quanto à valorização patrimonial, que saltou de R$ 41 milhões no início para R$ 350 milhões em 2010. Desse total, R$ 249 milhões foram integralizados como capital, que então passou para R$ 291 milhões. “Mas qual é, na verdade, o bem que foi valorizado: o asfalto, o lucro futuro ou o direito da concessão?”, perguntou Dilvo.