Agronegócio

Areac solicita mais ações de fiscalização de sementes piratas

O uso de sementes piratas traz riscos sanitários ao produtor e ao próprio meio ambiente

Foto: arquivo
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Cascavel – Com a proximidade da colheita da Safra 20/21 e com as mudanças recentes na lei que endurece as regras de combate à pirataria de sementes no País, a Areac (Associação Regional dos Engenheiros Agrônomos de Cascavel) encaminhou às autoridades competentes no Paraná um documento solicitando informações sobre ações de fiscalização para coibir o comércio e uso de sementes piratas na região. “Solicitamos informações sobre como está sendo fiscalizada essa prática danosa ao sistema de produção de sementes e enviamos também sugestões que podem facilitar esse acompanhamento e fiscalização do uso de sementes piratas na agricultura”, conta o presidente da entidade, Cesar Veronese.

Ele explica que sementes piratas são aquelas sem procedência legal, vendidas por empresas ou pessoas físicas não credenciadas no Ministério da Agricultura, sem registro no Renasem (Registro Nacional de Sementes e Mudas), sem controle na produção durante todo o ciclo da cultura, pondo em risco toda a produção, porque não garantem a sanidade e o potencial fisiológico das sementes. “É na colheita que se caracteriza a produção de semente ilegal. Os produtores de sementes legais têm que cumprir uma série de regras, informar ao Ministério da Agricultura qual a área plantada, cultivares de sementes cultivadas, e uma série de outras informações e compromissos financeiros com a empresa que desenvolveu a tecnologia. Então, nesse momento, o produtor que não fez todo esse processo e mesmo assim vai produzir semente ilegal, seja para uso próprio ou para a venda a outros produtores, vai fazê-lo agora, nesta colheita”, esclarece Cesar.

O engenheiro agrônomo ainda ressalta que o Ministério da Agricultura fiscaliza as empresas legais para verificar se tudo é feito conforme as regras, mas que os ilegais, pela dificuldade de serem encontrados, têm sido fiscalizados somente após denúncias. “Na fiscalização, o produtor precisa demonstrar a origem da semente plantada. Então, se ele não a tem, é porque é ilegal”, ressalta Cesar.

 

Riscos e sanções 

O uso de sementes piratas traz riscos sanitários ao produtor e ao próprio meio ambiente. “As sementes piratas trazem risco tanto para o agricultor quanto para as lavouras próximas. O produtor não tem garantia de germinação, qualidade, pureza e sanidade da semente em que está apostando. Mesmo com todos os riscos, muitas vezes pelo preço mais baixo, o produtor opta por adquirir a semente pirata. E justamente por não ter a garantia da sanidade da semente é que ela traz risco de transmitir doenças tanto na própria lavoura como ainda há possibilidade de elas se espalharem para lavouras vizinhas”, frisa o presidente da Areac.

O crime tem previsão de multas que podem variar de acordo com o tipo de infração cometida. “As multas são pesadíssimas. Os valores são progressivos, conforme a quantidade de sementes produzidas ou de área cultivada; o tipo da cultura e se há reincidência no crime. E, ainda, o produtor que produz e vende a semente, e o que compra, todos infringem a lei e nós, como entidade, pedimos que isso tudo seja fiscalizado”, complementa Cesar.

De acordo com levantamento da Abrasem (Associação Brasileira de Sementes e Mudas) realizado no ano passado, no caso da soja, carro-chefe do agronegócio nacional, 29% das sementes cultivadas no País não eram certificadas.

 

Lavouras se recuperam e quebra é mínima; agora, plantas “pedem” sol

Cascavel – Se no início do plantio a falta de chuva atrasou a semeadura, atrapalhou a germinação e tirou o sono dos agricultores, a chegada dela trouxe alívio e recuperou as lavouras na região oeste. “Neste momento, estamos com menos de 3% estimativa de quebra de safra. Evidentemente que algumas propriedades pontuais, que fizeram o plantio no seco e optaram em não replantar, a quebra vai ser mais significativa, porque foi mal germinada. Mas, no geral, com a normalidade da chuva que aconteceu na sequência do plantio, as lavouras tiveram boa recuperação”, explica a economista do Deral (Departamento de Economia Rural) regional de Cascavel Jovir Esser.

Em Toledo, a regional do Deral também não projeta mais quebra na safra. “Não trabalhamos com quebras na produção e na produtividade. Tivemos uma recuperação muito boa das lavouras”, afirma o técnico Paulo Oliva.

 

Chuva demais?

Mas a preocupação do agricultor com a chuva ainda não terminou para esta safra. Se antes ela faltou, agora o medo é que ela não pare mais e atrase ainda mais o ciclo das plantas, e até mesmo cause prejuízo. “Neste momento, não podemos falar em problema de produtividade por conta da chuva. Ainda não. Temos que aguardar mais uns dias. Temos vários dias consecutivos pela frente com previsão de chuva continuada, mas ainda é cedo para falarmos em alguma quebra por conta da chuva”, ressalta Jovir.

No oeste, a chuva constante ameaça o desenvolvimento e o fechamento de ciclos das plantas, o que pode causar novo atraso, agora para colher. “Nós tivemos um período longo de chuva e céu nublado, então, além do atraso que já houve no plantio, o ciclo vai se alongar um pouco mais até a colheita. O importante de termos dias de sol agora é para a planta continuar se desenvolvendo e também para que o produtor possa fazer a aplicação de inseticida e fungicida, que são necessários, mas que, com o solo muito molhado e o registro de chuvas constantes, não é possível ser feito”, explica Paulo.

 

Milho safrinha

O atraso da safra de soja é preocupação dos produtores com o plantio do milho safrinha fora do zoneamento, período em que as lavouras podem ser incluídas no seguro agrícola.

De acordo com Paulo Oliva, o zoneamento foi ampliado pelo Ministério da Agricultura em alguns dias, mas não deve ser o suficiente para que todas as lavouras sejam semeadas no prazo. Entretanto, Paulo descarta, neste momento, uma possível redução de área plantada na região, uma vez que o valor alto da saca deve fazer com que os produtores apostem na cultura também na safrinha.

 

Acumulados são históricos e vem mais chuva

A notícia sobre a previsão para os próximos dias não é a que o produtor torcia. De acordo com o Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná), deve chover até o fim do mês, quando uma nova frente fria deve chegar à região, trazendo mais chuva. “Para as próximas semanas, não devemos ter mudanças no cenário atual. Há um sistema de alta pressão que está bloqueando a passagem da frente fria que passou pelo Estado e na região oeste há maior umidade, pois é uma área por onde passa o escoamento da umidade da Amazônia. Então, junta a umidade e o calor e temos chuva constante e com volumes consideráveis”, explica o meteorologista Rodrigo carvalho de Sousa.

Em Foz do Iguaçu, janeiro já tem recorde histórico no acumulado. São 434,6 milímetros em 22 dias. Ano passado, choveu 208,1mm no mês todo, e, em 2019, foram 92,2mm no mês. A média histórica para janeiro é de 255,5mm.

Em Cascavel, o acumulado é o terceiro maior da história, com 238mm em 22 dias. O volume só perde para 2018, quando choveu 410,2mm no mês, e 2014, com 270,6mm. Ano passado, foram 163,2mm e, em 2019, apenas 134,2 mm. A média para o mês é de 187,4mm.

Em Toledo, foram registrados 190,2mm, mais perto da média histórica (166,4mm), mas bem acima de 2020 (84,2mm) e de 2019 (165,4mm).

 

Reportagem: Cláudia Neis