Cotidiano

'Aquarius' ganhou classificação de 18 anos por 'sexo explícito e grupal', diz relatório

Aquarius.jpgBRASÍLIA ? O relatório da análise sobre a classificação indicativa do filme “Aquarius”, que foi proibido pelo Ministério da Justiça para menores de 18 anos, registra três motivos para essa classificação: sexo explícito, nudez e drogas. A reportagem do GLOBO apurou com técnicos do ministério que a associação entre dois componentes presentes no filme ? sexo explícito e sexo grupal ? levou à decisão sobre a classificação dos 18 anos, e não apenas a existência de uma cena em que aparece um pênis ereto num contexto sexual. Oscar Aquarius 2508

O guia prático que serve de referência para técnicos da Secretaria Nacional de Justiça, vinculada ao Ministério da Justiça, fazerem a classificação indicativa de uma obra audiovisual prevê “situações sexuais complexas” como motivo para proibição de um filme a menores de 18 anos. A cena de sexo grupal foi interpretada dentro deste contexto, o que levou à classificação indicativa de 18 anos.

O relatório com o resumo da análise feita, concluído no último dia 10, informa que não há atenuantes para o filme, o que poderia levar a uma classificação mais branda. Pelo contrário, segundo o documento, existe um agravante: “nudez agravada por composição de cena”. Os temas tratados em “Aquarius”, ainda conforme o relatório, são sexo na terceira idade, memórias afetivas e família. O documento é assinado pelo analista Diego do Carmo Coelho. Como funciona o sistema de classificação indicativa

A proibição do filme para menores de 18 anos foi alvo de críticas, uma vez que ocorreu depois de diretores e atores do filme protestarem no Festival de Cannes, em maio, contra o que chamaram de “golpe” contra a presidente afastada Dilma Rousseff, alvo de um processo de impeachment. O diretor, Kleber Mendonça Filho, afirmou não ter informações “que levem a crer que há censura”, mas ressaltou que “qualquer um poderia pensar nisso no atual clima do país”. Ele também disse que não filmou sexo explícito, sendo “tudo uma questão de ângulo e lente”.

Protagonista do filme, a atriz Sonia Braga afirmou que os jovens deveriam protestar pelo direito de assistir ao filme.

? Muitas novelas contêm cenas parecidas e nem por isso são proibidas para menores. “Aquarius” é um filme para todo mundo ? disse a atriz.

O filme tem três cenas de sexo. Uma delas retrata uma orgia, em que é possível ver um pênis ereto, mas sem penetração explícita.

Dias depois da polêmica, o Ministério da Justiça divulgou uma nota sobre a classificação indicativa do filme, no fim da tarde desta quinta-feira.

“Após análises feitas pela Coordenação de Classificação Indicativa, todas realizadas por servidores públicos, procedimento padrão da Classificação Indicativa, a obra ‘Aquarius’ foi classificada de forma unânime como não recomendado para menores de 18 anos, pois apresenta cenas com reações realistas, contendo visualização dos órgãos sexuais e sexo grupal”, diz a nota. “Tais conteúdos são classificados como sexo explícito e situação sexual complexa.”

Segundo o ministério, o filme foi analisado “cena a cena” e “foram registrados todos os conteúdos categorizados no guia prático da classificação indicativa”. “A classificação final leva em consideração a obra como um todo, ponderando não apenas o número de ocorrências e sua duração, mas especialmente a relevância e contexto. O resumo da análise está disponível para consulta e os relatórios foram disponibilizados aos produtores. Das decisões, cabe recurso ao secretário nacional de Justiça”, finaliza a nota.