Cotidiano

Após vitória de Trump, mercados asiáticos despencam

PEQUIM – Os mercados asiáticos receberam mal o resultado das urnas americanas. Não era o que estavam esperando quando foram dormir na véspera, o que os obrigou a se reposicionar ao longo de um dia marcado por tensão e muitas oscilações, diante do novo cenário. Acordaram enquanto os Estados Unidos contavam votos, e desde cedo começaram a dar sinais de nervosismo. A avaliação unânime é a de que ainda não se sabe o que esperar do governo do magnata Donald Trump. Todas as bolsas caíram. E o dólar se desvalorizou em relação a maioria das moedas estrangeiras.

O índice Nikkei, do Japão, teve queda de 5,4%, o pior desempenho em um só dia desde o Brexit, como ficou conhecido plebiscito em que o Reino Unido decidiu deixar a União Europeia em 24 de junho. O segundo índice mais importante do país, o Topix, caiu 4,57%. A moeda japonesa subiu mais de 3% em relação ao dólar. O ouro também disparou para o nível mais alto desde 2009. O iene e o ouro acabam sendo procurados pelos investidores em momento de incertezas para se protegerem. A tensão foi tal que o banco central e a equipe econômica do Japão convocaram uma reunião de emergência. Não se descarta uma intervenção no mercado, se necessário.

Na China, o yuan também se valorizou em relação ao dólar, o que afeta das exportações da segunda maior economia do mundo. As incertezas também daqui por diante podem provocar saída de capitais de economias em desenvolvimento como a da segundo maior economia do mundo e outras asiáticas. O índice Shangai SE Composite caiu 0,62%. O Hang Seng, de Hong Kong, fechou em que da de 1,95%, depois de bater os 3% durante o dia. Já o TSEC 50 de Taiwan terminou encolhendo 2,98%. Na Índia, o Mumbai Sensex, que chegou a registrar uma perda de 6%, estava negativo em 1,23% no meio da tarde.

Para Daniel So, analista do CMB International, baseado em Hong, a expectativa é muitas turbulências ainda pela frente, porque os mercados mundo afora querem saber agora como o republicano pretende conduzir a política fiscal americana e o comércio exterior.

? Os mercados não gostam de incertezas. Um dos pontos que ele precisa esclarecer é como se dará a política monetária, embora ela seja supostamente independente. O presidente pode ajudar a escolher o novo presidente do Federal Reserva, e, portanto, tem influência de qualquer forma.

Os chineses esperam uma onda protecionista vinda dos Estados Unidos, que acertaria em cheio as suas exportações. Durante a campanha, o bilionário Donald Trump já havia falado em impor taxas bem mais altas sobre os produtos da China. O déficit comercial dos Estados Unidos com os chineses é de um bilhão de dólares por dia.

Durante conversa com jornalistas na tarde de quarta-feira, pouco antes do anúncio oficial do resultado da eleição americana, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Lu Kang, disse que o governo estava esperando o resultado final, “mas que certamente estava pronto para trabalhar com o novo governo americano”.

Ele também afirmou que o seu país espera construir uma relação de benefícios mútuos para as duas nações e destacou o gigantesco crescimento do comércio entre eles desde a década de 1960. Disse ainda que esperava que disputas sobre comércio fossem resolvidas de maneira responsável, o que confirma a preocupação da China com medidas mais duras que venham a ser tomadas pelos americanos.

? Gostaria de dizer que a cooperação comercial ente China e Estados Unidos beneficiou mais os interesses dos americanos do que prejudicou ? afirmou o porta-voz.