Cotidiano

Após turnê pelos EUA, Boogarins fecha palco do Rock in Rio Lisboa

IMG_20160520_200856470_HDR.jpgRIO ? O segundo dia do Rock in Rio Lisboa 2016 marcou a estreia do quarteto
goiano Boogarins no festival. Talvez por falta de intimidade com o rock indie e
psicodélico da banda, pouca gente compareceu, deixando um clarão no meio do
gramado, enquanto muitos assistiram ao show sentados. Não havia mais que 300
pessoas. Apesar disso, o Boogarins arrancou aplausos ao fim das sete músicas que
tocou em uma hora e pareceu se divertir na apresentação. Links Rock in Rio Lisboa

Para o guitarrista
Benko Ferraz foi um ineditismo surpreendente, pois ele sequer já tinha ido a uma
das seis edições brasileiras como espectador, e se viu encarregado do show de
encerramento do palco secundário, o Vodafone (que tem metade do tamanho do
Sunset no Brasil, e um espaço igualmente menor para concentrar público).

? A gente ainda está num momento de construir carreira. Não estouramos no
exterior como o Cansei de Ser Sexy. A gente não é superstar, só uma banda legal.
Acabamos de chegar de uma turnê nos EUA em que fizemos 33 shows em 40 dias. Cada
show reuniu umas 150 pessoas. Isso é algo difícil de fazer no Brasil porque as
distâncias entre cidades são maiores. Não há tantas cidades próximas entre si no
interior do país onde poderíamos tocar. Fora do Brasil, o rock está mais
inserido na cultura popular ? disse Ferraz ao GLOBO, logo antes de entrar em
cena.

No entanto, a maioria das pessoas que estava na Cidade do Rock, instalada no
espaçoso Parque da Bela Vista, preferiu se concentrar em frente ao palco Mundo
para aguardar o pop radiofônico da cantora americana Fergie, que surgiu às
20h30m num maiô preto de couro e jaqueta colorida.

IMG_20160520_200757904.jpgSem muito apelo pop, dançarinos, figurinos empoderadores e outros artifícios
fergianos, o Boogarins se escorou em suas qualidades musicais para ganhar o
respeito da sua diminuta plateia. A banda já havia tocado em Lisboa no ano
passado, na casa de shows Music Box. Desta vez, apresentou algumas músicas
diferentes. Começou com “Falsa folha de rosto” e sua introdução atmosférica,
cheia de efeitos.

A voz suave, em vários momentos até andrógina, de Dinho
Almeida colaborava para o ar de estranhamento musical que durou por uma hora. À
vontade, ele riu e fez pausas nas estrofes de “Tempo”, uma delas para deixar
passar um ruidoso avião sobre o palco. Não fez discursos, muito menos falou de
política.

? Todos na banda têm orientação de esquerda, mas vemos que não há um lado
certo nessa história (de impeachment). Não apoiamos golpe, mas o PT cometeu
erros e abandonou sua militância e seu trabalho de base. Isso não quer dizer que
PMDB e PSDB sejam melhores. Governaram Goiás por muito tempo, e nós já chegamos
a fazer show numa escola municipal ocupada que seria privatizada. Mas agora não
estamos com planos de fazer isso e nem de levantar bandeiras por causa do fim do
Ministério da Cultura, até porque não trabalhamos com edital ? disse, no
camarim, o guitarrista Benko Ferraz.