Esportes

Após embargo, produtores vão reduzir o alojamento

Toledo – Avicultores da região oeste do Paraná que fornecem sua produção à unidade da BRF em Toledo decidiram reduzir os alojamentos de frangos a partir de maio. A decisão se deve ao embargo à exportação da carne de frango brasileira que atingiu 20 plantas exportadoras da lista de empresas brasileiras autorizadas a vender carne de frango e outros produtos para os países que compõem o bloco econômico formado por 28 países.

O vice-presidente da Aaviopar (Associação dos Avicultores do Oeste do Paraná), Edenilson Copini, disse que foi fechado um acordo com a BRF e até julho a empresa irá remunerar os produtores, mesmo que haja uma eventual paralisação ou redução da produção. O acordo é válido por 90 dias e beneficia também os transportadores.

Copini diz que o embargo preocupa os cerca de 400 produtores que integram a associação devido à incerteza futura. “A gente não sabe a sequência disso tudo. O mercado [interno] já estava saturado de frango e coincidiu com isso”, declara.

A Coopavel, que tem sede em Cascavel, não quis comentar o embargo europeu. Já a Copacol, de Cafelândia, informou por meio de nota que foi incluída entre as oito empresas suspensas somente na categoria “frango salgado” e que exporta apenas produtos in natura e, por isso, não será afetada. Mesmo assim, a cooperativa criticou a decisão da União Europeia. “A Copacol considera a decisão tomada pelos Estados Europeus um embargo econômico que não se ampara em riscos sanitários ou de saúde pública e reivindicará junto ao Governo Brasileiro que apresente questionamentos à União Europeia na OMC – Organização Mundial do Comércio”.

A Lar Cooperativa Agroindustrial, com sede em Medianeira, lamentou a decisão da União Europeia: “Essa decisão não está baseada em assuntos relacionados à saúde humana, mas em barreiras comerciais para a exportação da carne de frango brasileira”. A cooperativa informa ainda que, do total de carne que industrializa, 50% é destinada à exportação, e, desse volume, 7% corresponde à comercialização com a União Europeia.

Reflexos no mercado interno

O embargo da União Europeia ao frango brasileiro poderá tornar o produto mais barato no Brasil, de acordo com a Abpa (Associação Brasileira de Proteína Animal). A expectativa é de que o frango que seria exportado para a Europa seja comercializado no mercado interno, aumentando a oferta e fazendo com que o preço caia, sobretudo nos locais onde estão as unidades de produção proibidas de vender para o bloco.

"A gente deverá ter um impacto negativo no mercado interno por força de um excesso de oferta, em um primeiro momento. Mas é importante que se diga que essa oferta não será muito grande porque o Brasil já vinha diminuindo as vendas para a Europa em um processo gradativo por conta dos critérios equivocadamente usados pelo bloco", diz o vice-presidente de Mercado da Aba, Ricardo Santin.

Ao todo, unidades de nove empresas serão afetadas, de acordo com a Abpa. A lista oficial ainda não foi divulgada e, segundo a associação, o relatório da decisão deve vir a público em 15 dias.

Além de uma maior oferta no mercado interno, a decisão, segundo Santin, deverá gerar demissões: "Vai haver uma adequação das empresas que não vão produzir se não tiverem mercado", alerta.

A Câmara dos Deputados criou uma Comissão Externa para acompanhar os desdobramentos do embargo. A comissão será coordenada pelo deputado federal paranaense Assis do Couto.

Entenda

A decisão da União Europeia ocorreu após a terceira etapa da Operação Carne Fraca, deflagrada em 2017, pela Polícia Federal para investigar denúncias de fraudes cometidas por fiscais agropecuários federais e empresários. A chamada Operação Trapaça, deflagrada em 5 de março, teve como alvo a BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão. O grupo é investigado por fraudar resultados de análises laboratoriais relacionados à contaminação pela bactéria Salmonella pullorum. Em nota, a BRF negou risco à saúde para população.

Ainda não há confirmação oficial, mas, segundo o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, a BRF deverá ser a empresa mais impactada, com as nove plantas autorizadas a exportar atualmente para o bloco suspensas.

Maggi diz que a decisão da UE é apenas comercial e que irá acionar a OMC (Organização Mundial do Comércio). A data para que isso ocorra ainda não está definida. O assunto já foi levado ao presidente Michel Temer e os estudos para a solicitação do painel na organização estão em andamento.

Números

As vendas para a EU têm apresentado queda. Em 2017, o Brasil exportou 201 mil toneladas para o bloco; mas em 2007 chegou a exportar 417 mil toneladas.