Cotidiano

Após captar R$4 bi, CCR põe em dúvida participar em leilão de aeroportos

SÃO PAULO – A CCR pode não participar do leilão de aeroportos previsto para o mês que vem devido a problemas nos projetos que criam muitos riscos para os negócios, disseram executivos da companhia nesta segunda-feira. As declarações surgem logo após a CCR ter concluído uma emissão restrita de novas ações na semana passada, com a qual levantou R$ 4 bilhões.

? O desenho das licitações foi feito em 2015, quando as premissas econômicas eram totalmente diferentes, então as taxas de retorno estão desatualizadas ? disse o diretor de novos negócios da CCR, Leonardo Vianna.

No próximo dia 15 de março, o governo federal deve leiloar a concessão dos aeroportos de Fortaleza (CE), Salvador (BA), Florianópolis (SC) e Porto Alegre (RS).

Em novembro, o presidente da CCR, Renato Vale, havia dito que a empresa se interessava pelos terminais de Fortaleza e de Salvador, por causa das rotas internacionais. No entanto, afirmou Vianna, mesmo nesses dois há problemas importantes que podem diminuir o interesse da CCR pelo leilão:

? O aeroporto de Salvador tem um grande problema, que é a segunda pista, que precisa de aprovação ambiental ? disse Vianna.

A concessão do terminal prevê a construção de uma segunda pista, que fica numa área protegida por um parque ambiental, na região de Dunas do Abaeté.

? Ainda não decidimos se vamos participar ? disse o executivo, ressaltando que a CCR tem mantido conversas com um operador internacional sobre eventual montagem de um consórcio para a disputa.

O objetivo da emissão de novas ações foi justamente era aumentar o poder da companhia, tanto para participar da disputa por concessões de aeroportos, rodovias e obras de mobilidade urbana, mas também para comprar participações de concorrentes, disse o gerente de relações com investidores da CCR, Marcus Vinícius Macedo.

Segundo ele, os novos recursos serão majoritariamente investidos no Brasil, senão tudo.

?Há muitas oportunidades no mercado secundário ? afirmou Macedo, referindo-se a empresas de infraestrutura enfraquecidas financeiramente, especialmente as que têm sido alvo das investigações da operação Lava Jato.