BRASÍLIA – Em busca da liderança perdida, o candidato do PSDB à Prefeitura de Belo Horizonte, João Leite, partiu para o ataque contra seu adversário na disputa, Alexandre Kalil, do PHS. No debate realizado na noite deste domingo, promovido pela TV Record Minas, o tucano deixou a moderação de lado e acusou Kalil de dever R$ 140 milhões de FGTS, entre outras dívidas, a seus antigos empregados e até jogadores do Atlético Mineiro, clube que presidiu.
Leite disse ainda que Kalil atacou líderes religiosos, as mulheres e as pessoas com deficiência. Na pesquisa Ibope, divulgada na sexta-feira passada, Kalil aparece pela primeira vez na frente de João Leite desde o início dessa campanha eleitoral, com 41% dos votos a 35%.
O tucano voltou a explorar no debate de ontem uma declaração de Kalil ? de outro debate, na última sexta-feira, na Rede TV ? na qual o candidato do PHS disse que rouba, mas não pede propina. Kalil passou o fim de semana pedindo desculpas na rede social pela declaração e afirmou que se confundiu. Disse que pretendia dizer ?eu devo, mas não peço propina?. Kalil acusou o adversário de estar na ?lista de Furnas?, onde políticos aparecem vinculados a um esquema de corrupção na estatal. João Leite anunciou que irá processá-lo.
? Isso tudo é desespero, tá gente. De quem sabe que vai perder a eleição. Quando disse que eu roubo, ele estava descontrolado, aos gritos. Peço desculpas. Mas isso também não vai colar ? afirmou Kalil neste domingo.
João Leite cobrou explicações de Kalil a respeito de uma declaração sobre religião, que seu adversário disse na época de presidente do Atlético.
? Quando fala de Deus, começam a chamar para ir à igreja. Aí eu falo que gosto de ir para o bar, (tomar) uísque. Isso é o que eu gosto. Não me chama para igreja não. É um saco ir para ir para igreja rezar. Você não pode falar com mo pastor que o padre logo fala: ‘vem cá na minha igreja’. E ainda vai me tomar 10%. Nem pelo capeta! ? disse Kalil, em vídeo exibido pela campanha do adversário.
O candidato do PHS voltou a se defender e disse ter Deus no coração:
? Foi uma brincadeira. Tenho Deus no coração e não uso de politicagem. Meu Deus é muito respeitado. Só vem para o meu coração na hora certa ? afirmou, completou: ? João Leite, você está desastibilizado pelas pesquisas. Alucinado pelas pesquisas.
Sobre críticas e declarações machisas que Kalil fez às mulheres no passado, Kalil respondeu que a ?mulher que não é complexada? iria entender.
? Quanto à mulher, era brincadeira. Sou bem-humorado, alegre. Tenho certeza que a mulher inteligente, que é respeitada e que não é complexada, viu que era uma brincadeira.
João Leite leu uma série de nomes de ex-funcionários de Kalil que ainda teria dívidas a receber do empresário. Até dívidas com ex-jogadores do Atlético. Kalil contra-atacou e listou nome de pessoas que foram presas, acusadas, segundo ele, de crimes como estupro, entre outros. Ele voltou a chamar o tucano de ?defensor de bandidos?.
? Tenho cópia de cartinhas suas intercedendo a favor deles ? disse Kalil.
João Leite rebateu:
? Se eu fosse defensor de bandidos, estaria te defendendo Kalil. Mas não estou.
Kalil ainda disse que o adversário é proprietário de um apartamento em Miami, nos Estados Unidos. João Leite o corrigiu. Disse que o imóvel fica em Orlando, também naquele país. Kalil ironizou.
? Então peço desculpas ao João Leite. Errei, tá gente. O apartamento não fica em Miami, mas em Orlando.
As acusações descambaram para dentro do campo. João Leite foi goleiro do Atlético. Kalil disse que se ele fosse tão firme assim, não teria levado o gol do centroavante Nunes, do Flamengo, na final do Campeonato Brasileiro de 1980. O jogo estava 2 a 2 até os 37 minutos do segundo tempo. O flamenguista fez o gol que mudou o placar e deu o título ao rubro-negro.
