Cotidiano

Após bloqueio de decreto migratório, voos voltam a aceitar pessoas de sete países

RIO ? Aproveitando um bloqueio a aplicação do decreto migratório de Donald Trump feito por organismos estaduais e federais americanos na última sexta-feira, pessoas precedentes dos sete países muçulmanos incluídos no decreto chegam em massa aos aeroportos do país. No fim de semana passado, o decreto levou à detenção nos aeroportos de 109 estrangeiros que residiam legalmente no país, segundo a Casa Branca, enquanto outras centenas de pessoas foram impedidas de embarcar para os Estados Unidos. Depois da decisão judicial de sexta-feira, várias companhias aéreas voltaram a aceitar esses viajantes em seus voos. Em Teerã, uma agência de viagens aconselhou neste sábado a ?todos aqueles que tenham um visto? para os Estados Unidos ?tomar um avião para qualquer cidade (desse país) esta noite?.

Behnam Partopour, um iraniano que estuda no Instituto Politécnic, chegou na sexta no Logan Airport, em Boston. Mesmo com um visa de estudante, Partopour tinha originalmente sido impedido de voar para os Estados Unidos após o decreto migratório de Trump. Outro iraniano que não havia conseguido viahar, a estudante do Massachusetts Institute of Technology (MIT) Niki Rahmati também chegou no mesmo aeroporto, recebida pela advogada Susan Church.

A cientista iraniana Samira Asgari foi saudada em sua chegada no aeroporto de Logan por Joe Kennedy, membro do congresso americano. Asgari obteve um visto para realizar pesquisas no Brigham and Women’s Hospital e foi impedida duas vezes de entrar nos Estados Unidos por causa do decreto.

Já o iraquiano Munster Alaskry e sua família chegaram no aeroporto John F. Kennedy, em Nova York, logo depois que o governo mudou uma das ordens do decreto migratório, permitindo que interpretes que ajudaram o exército dos Estados Unidos na Guerra do Iraque pudessem vir aos Estados Unidos. Alasky e sua família passaram quase uma semana no limpo em Bagdá, pensando que suas esperanças de começar uma nova vida livre de ameaças de morte tivessem sido destruídas.

Enquanto os viajantes chegavam, protestos contra o decretário migratório de Trump aconteciam no mundo todo, como uma passeata realizada neste sábado em Londres com a participação de milhares de pessoas.

Alheio às reações negativas às suas ordens, o presidente Donald Trump atacava no Twitter o responsável pela decisão judicial, o juiz federal de Seattle, James Robart. A medida, aplicável no conjunto do território americano enquanto se examina uma ação apresentada na segunda-feira pelo secretário de Justiça do estado de Washington, foi definida pelo presidente como ?ridícula?.

?A opinião deste suposto juiz, que basicamente priva nosso país de sua polícia, é ridícula e será revertida?, advertiu o novo presidente americano no tuíte publicado na manhã deste sábado.

?Quando um país já não tem capacidade de dizer quem pode entrar e sair, sobretudo por razões de segurança, há grandes problemas?, disse em um segundo tuíte.

Em uma terceira mensagem através da rede social que se transformou no seu principal meio de comunicação, Trump estimou ser ?interessante que alguns países do Oriente Médio? estejam de acordo com seu decreto. ?Sabem que se algumas pessoas são admitidas (nos Estados Unidos) haverá morte e destruição!?, escreveu.

A ordem executiva de Trump, em vigor há uma semana, impede a entrada dos cidadãos do Irã, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen durante 90 dias. Também bloqueia o programa de acolhida de refugiados durante 120 dias, e de forma indefinida no caso dos sírios.

Após a resolução do juiz Robart, o Departamento de Segurança Interior afirmou à AFP que ?suspendeu todas as ações de implementação? do decreto do governo.

Os controles nas fronteiras, disse Gillian Christensen, porta-voz da pasta, voltarão a ser aplicados segundo ?os procedimentos habituais?.

O departamento de Estado suspendeu neste sábado a revogação de aproximadamente 60.000 vistos. ?Os indivíduos que tenham vistos que não foram fisicamente cancelados podem viajar agora se seu visto estiver válido?, informou o porta-voz da chancelaria americana.

A Casa Branca, entretanto, não se deu por vencida e pretende aplicar o decreto apesar de todas as críticas que recebeu, inclusive do Partido Republicano.

No sábado, o porta-voz do Departamento de Segurança Interior disse à AFP que o Departamento de Justiça ativará “o quanto antes um recurso de urgência para defender o decreto”.

O Executivo já havia anunciado anteriormente que agiria nesse sentido, segundo um comunicado difundido na noite de sexta-feira em que classificou de “escandalosa” a decisão do juiz Robart, um adjetivo retirado logo depois.

A ação apresentada na segunda-feira pelo secretário de Justiça do estado de Washington, Bob Ferguson, indicava que o decreto governamental viola os direitos dos imigrantes ao ter como alvo especificamente os muçulmanos.

“Ninguém está acima das leis, nem mesmo o presidente”, comentou satisfeito Bob Ferguson após tomar conhecimento da resolução do juiz de Seattle, designado pelo ex-presidente republicano George W. Bush.