Cotidiano

Após bate-boca, Renan se diz incomodado com ?ingratidão? de petistas

BRASÍLIA – Depois de protagonizar um bate-boca no plenário e chamar o Senado de “hospício”, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL) fez um desabafo, demonstrando seu incômodo com a discussão que envolveu, além dele, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). Renan queixou-se da “ingratidão” dos petistas, com quem sempre, disse, manteve boa relação. Afirmou que procurou manter uma posição de neutralidade, auxiliando e conversando com os dois lados.

? Vou propor o agravamento da pena de ingratidão ? disse. Em seguida, acrescentou:

? O que é injusto, desproporcional, é querer me transformar em personagem do impeachment. Desde ontem que as pessoas tentam me atrair para esse confronto político, mas não sou personagem desse impeachment ? disse Renan.

Ele afirmou que se sentiu “insultado” por Gleisi e, por isso, reagiu fazendo referências ao indiciamento da petista e do seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo.

? Não aguentei, foi um erro, fico chateado porque não é do meu estilo. Mas ela, ao dizer que o Senado não tem moral para julgar a presidente, obriga o presidente da instituição a reagir. Tenho arrependimento, estou numa ressaca brutal. Os embates são naturais, mas não são do meu estilo, me arrependo demais quando isso acontece ? disse o peemedebista.

O presidente do Senado citou entre os que estariam lhe provocando, além de Gleisi, os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).

Renan disse esperar que na sessão de segunda-feira, quando a presidente Dilma comparecer ao plenário para se defender, que o cenário seja mais “civilizado” do que o desta sexta-feira.

? Espero que segunda o Senado esteja mais civilizado do que hoje.

O presidente do Senado negou que seu descontrole tenha sido passional, ou intencional, como forma de construir uma narrativa para um eventual voto seu a favor do impeachment. Ele disse que ainda não decidiu se irá ou não votar e que vive um momento de reflexão. Renan afirmou que não é obrigado, pelo regimento, a votar e que fará o que sua consciência mandar até a próxima semana.

? Estou em processo de reflexão. Quem está especulando sobre isso (seu voto) não me conhece, não sabe como eu procuro agir. Não gosto de me explicar, gosto que as pessoas me interpretem. Estou refletindo, vou fazer o que minha consciência mandar ? afirmou Renan.

Ao sentar no café do Senado para conversar com os jornalistas, o peemedebista apresentou uma série de documentos e notas taquigráficas de sessões passadas para sustentar suas atitudes “de magistrado” e também para mostrar que todas as decisões que tomou relacionadas ao processo envolvendo o indiciamento da senadora Gleisi, foram feitas em acordo com todos os senadores e de forma transparente.