Cotidiano

Após aval à meta, Padilha diz que governo precisa treinar mais

BRASÍLIA – O Palácio do Planalto comemorou de forma contida a aprovação da nova meta fiscal pelo Congresso, na madrugada desta quarta-feira. O ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) afirmou que o resultado demonstra que o governo tem uma base numérica consolidada para aprovar as medidas econômicas anunciadas segunda-feira pelo presidente interino, Michel Temer, mas que ainda é preciso afinar melhor a atuação dos partidos aliados no plenário durante as votações. Para ele, o PT retomou rápido — e bem — seu papel na oposição.

— Tiramos algumas conclusões da votação, a primeira delas, é que o PT sabe fazer oposição e nós, governo, temos que treinar para corresponder à expectativa que a oposição traz quando contesta o governo — avaliou Padilha.

Por conta disso, o Planalto definiu que, além do líder do governo na Câmara, cargo ocupado por André Moura (PSC-SE), serão definidos 12 vice-líderes. Destes, ao menos três terão que ficar permanentemente em plenário durante votações de medidas que afetem diretamente o governo.

O ministro afirmou que o resultado do processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff na Câmara e no Senado deixam claro que a gestão Temer tem maioria para aprovar projetos e até mudanças na Constituição, onde são necessários três quintos dos votos nas duas Casas:

— Temos consciência disso e vamos aprovar um plano de longo prazo para o país. As medidas que estamos propondo não são um voo de galinha.

O ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) telefonou a todos os líderes aliados na manhã desta quarta-feira para agradecer o empenho. Menos contido do que Padilha, o peemedebista disse que a aprovação da meta fiscal dá confiança ao governo de que as medidas econômicas terão o mesmo destino. Geddel, que monitorou toda a votação, afirmou que o governo teve quórum alto durante a apreciação de boa parte dos vetos, o que garante maioria numérica no Congresso a Temer.

— A Câmara deu quórum praticamente o tempo inteiro. A base se comportou muito bem e deu confiança ao governo de que há maioria qualificada para aprovar emendas constitucionais — disse.

Sobre as reações contrárias à proposta de instituir um teto de gastos incluindo as áreas da saúde e da educação, Geddel afirmou que o tema tem que ser discutido e o governo está tendo coragem de colocar esse tema na mesa.

— O que não pode é ter medo de propor e optar pelo caminho fácil do populismo. Perdem a educação e a saúde na situação atual que está o país — rebateu o ministro.