Cotidiano

Após apontar propostas a acordo com Farc, Uribe se reunirá com Santos

SANTOS-Y-URI.jpgBOGOTÁ – Horas após apontar quais revisões do acordo com as Farc deseja após o referendo na Colômbia decidir pelo “não” ao pacto de paz, o ex-presidente Álvaro Uribe acertou uma negociação com o atual chefe de Estado e principal articulador do processo, Juan Manuel Santos, na quarta-feira. Uribe antecipou na segunda-feira três propostas que ele deseja renegociar com a guerrilha, para enfim dar aval a uma proposta que permita a desmobilização dos rebeldes e sua incorporação na política nacional.

O anúncio do encontro foi feito pela Presidência. Mais cedo, Uribe ? principal nome contrário ao acordo fechado em Havana ? pedira uma reunião direta com Santos. Os dois se encontrarão durante a manhã, numa série de conversas que, de maneira separada, também contarão com o ex-presidente Andrés Pastrana (também crítico do processo de paz negociado com a guerrilha).

A derrota do pacto no referendo de domingo forçou o presidente Santos a abrir o diálogo com a oposição. Representantes do governo e do partido de Uribe devem reuniram pela primeira vez na terça-feira para tentar salvar o acordo. O ex-chefe de Estado, que teve Santos como seu minsitro da Defesa por anos, não participou.

Anistia aos guerrilheiros, proteção efetiva para as Farc e alívio judicial para as Forças Armadas foram os três primeiros temas que o ex-presidente colocou sobre a mesa de negociações. Uribe, que vinha criticando a ?impunidade? do acordo assinado entre o governo e as Farc na última segunda-feira, surpreendeu ao defender a anistia para os membros da guerrilha que não tenham cometido crimes hediondos.

Outra medida proposta por ele no plenário do Senado foi garantir ?proteção efetiva? para as Farc e que se consolide ?um estatuto de não violência imediata?.

? Acreditamos que este é um passo necessário. Que sejam dadas proteções efetivas para as Farc e uma garantia ao país de que não haverá violência ? disse ele.

A terceira proposta inclui alívio judicial aos membros das Forças Armadas que enfrentam problemas legais por causa do conflito armado.

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Representantes do governo e da guerrilha se reuniram ainda na terça-feira na capital cubana, pela primeira vez desde que o acordo de paz foi rejeitado. O chefe da equipe de negociadores do governo, Humberto de la Calle, e o alto comissário de paz, Sergio Jaramillo, se encontraram com a cúpula da guerrilha para explorar a possibilidade de fazer modificações no acordo que satisfaçam as exigências da oposição liderada por Uribe.

Apesar da incerteza sobre o futuro do tratado, o governo e as Farc decidiram manter o cessar-fogo bilateral.

? O limbo não é uma boa fonte de segurança ? disse nesta terça-feira o ministro da Defesa, Luis Carlos Villegas.

Por quatro anos, as duas partes negociaram um acordo para acabar com 52 anos de guerra que deixaram mais de 260 mil mortos. Mas, no domingo, os colombianos rejeitaram a proposta que estabelecia garantias e deveres para 7 mil guerrilheiros abandonarem as armas.