Cotidiano

Apesar de resistência de Cunha em renunciar, deputados discutem candidaturas

ROSSO-JOVAIRBRASÍLIA ? O mandato para presidir a Câmara pelos próximos meses é tampão, mas mesmo diante da indefinição da vacância pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e da relutância do presidente afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em renunciar, pipocam candidatos ao posto em todos os partidos. Em um almoço da bancada do PSDB na Câmara nesta terça-feira, o líder Antônio Imbassahy (BA) foi cobrado e negou que exista qualquer articulação com o PT para apoiar um candidato ao posto. No Centrão a disputa é maior, já que o bloco, com cerca de 300 deputados, poderá impor sua força na disputa, com ou sem apoio de Cunha, que perde força. O nome mais forte do centrão, é o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), que tem o apoio do presidente afastado.

Câmara

Na reunião dos tucanos, Imbassahy explicou que as notícias sobre uma parceria com o PT surgiram depois de uma reunião de líderes, em que o petista José Guimarães (PT-CE) alertou para a necessidade de juntar forças para impedir um resultado parecido com a eleição de Cunha, quando o PT lançou Arlindo Chinaglia (PT-SP) e a oposição ? DEM, PPS e PSDB ? se dividiram e apoiaram Júlio Delgado (PSB-MG), que agora volta a disputar o mandato tampão.

? Nessa reunião de líderes se falou na necessidade de eleger um nome de interesse da instituição. Mas eu não conversei com ninguém do PT para fechar acordo nenhum ? negou Imbassahy.

Em discurso no plenário na segunda-feira, o secretário-geral do PSDB, Silvio Torres (SP), rechaçou o suposto acordo com o PT e defendeu que o partido apoie e eleja um candidato ?ficha limpa?. O mais provável, segundo o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), é que PSDB, DEM e PPS e talvez o PSB se unam para apoiar um nome de consenso, que ainda não há. Além de Delgado, no PSB tem ainda o nome de Heráclito Fortes (PI), que já colocou seu nome.

O DEM tem dois candidatos: José Carlos Aleluia (BA) e Rodrigo Maia (RJ).

? Tivemos essa conversa com o PT nessa reunião de líderes e só. O PT não tem condições de lançar ninguém. Estamos conversando também com o centrão. A princípio, não tem veto a ninguém, desde que seja um nome de estatura que o momento exige. O PPS, DEM, PSDB e PSB devem ficar juntos. Há vários candidatos, estamos consolidando conceitos ? disse Pauderney Avelino.

Na ala do PMDB e Planalto, a ordem é não estimular o racha, e participar das articulações lançando um nome, mas com a preocupação de ?provocar o menor ruído possível? para não criar conflitos que atrapalhem o governo interino de Michel Temer. Apesar de ser a maior bancada, dirigentes do PMDB concordam que não precisa ser necessariamente ser um nome do partido, mas acham que é preciso mostrar que ?não está a reboque? da discussão da sucessão. Por isso, a sigla deve lançar o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Osmar Serraglio (PMDB-PR), nome que uniria tanto base como oposição.