Saúde

Apesar das queixas, Paraná recebe 30% menos vacina que o Rio Grande do Sul

Há semanas o governo estadual notificou o Ministério sobre a desigualdade, apresentando números que contrariam essa divisão

Vacina
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Curitiba – O Paraná recebeu ontem uma remessa com 102.500 unidades da vacina da Universidade de Oxford, em parceria com a AstraZeneca, enviadas pelo Ministério da Saúde, e mais 64.800 doses da Coronavac, totalizando 167.300 vacinas. A divisão das doses aos municípios será divulgada na manhã desta quinta-feira.

Apesar das queixas, o Paraná continua sendo preterido na distribuição das vacinas pelo ministério. Novamente, o Estado vai receber 31% menos de vacinas que o Rio Grande do Sul, a quem estão reservadas 135 mil da AstraZeneca e 84.200 da Coronavac, um total de 219.200, contra as 167.300 enviadas ao Paraná.

Há semanas o governo estadual notificou o Ministério sobre a desigualdade, apresentando números que contrariam essa divisão. Na ocasião, a resposta era de que, se houvesse erro, seria corrigido.

Com população semelhante (11.433.957 paranaenses e 11.422.973 gaúchos), os números da pandemia também se igualam. Enquanto o Paraná tem 623 mil infectados e 11,2 mil mortos, o Rio Grande do Sul tem 612 mil casos e 11,9 mil óbitos.

Segundo a Sesa (Secretaria de Saúde do Paraná), ontem o secretário Beto Preto voltou a solicitar ao Ministério da Saúde o atendimento à demanda de vacinas de forma equânime.

“Estamos satisfeitos por receber nova remessa, porém consideramos que precisamos receber mais doses; temos conversado e solicitado incessantemente ao Ministério da Saúde para a ampliação do número de doses enviadas para o Paraná para darmos vazão a uma imunidade entre os vários grupos estabelecidos para a vacinação”, acrescentou.

Doses

As doses da AstraZeneca/Fiocruz fazem parte da remessa de 2 milhões de doses da Índia, que chegaram ao Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz).

Agora, o Paraná soma 706.200 doses recebidas do Ministério da Saúde. Além do envio de ontem, o Paraná havia recebido: primeira remessa foi de 265.600 doses (Coronavac); a segunda de 86.500 (AstraZeneca), a terceira de 39.600 (Coronavac) e a quarta com 147.200 (Coronavac).

O Paraná deverá receber 64.800 doses da vacina Coronavac/Instituto Butantan referentes a primeira e segunda doses.

Até ontem, o Paraná havia aplicado 380.019 vacinas, sendo 286.837 da primeira dose e 93.182 da segunda.

Governador pede celeridade

O governador Carlos Massa Ratinho Junior pediu nessa quarta-feira (24) aos secretários municipais da Saúde mais organização e agilidade com as doses disponibilizadas no programa de vacinação contra a covid-19. Ele participou da abertura do encontro virtual da CIB (Comissão Intergestores Bipartite do Paraná), que contou com a participação dos 399 secretários municipais de Saúde e dos 22 chefes das Regionais de Saúde do Paraná.

“Temos que dar mais velocidade na campanha de vacinação. É a única solução que temos neste momento, mesmo não tendo o volume suficiente para resolver tudo de uma só vez. Alguns estados têm conseguido fazer uma vacinação de forma bem veloz. Mas nossa preocupação não é com o ranking, é que mais gente vacinada em menos tempo permite diminuir os nossos problemas”, afirmou Ratinho Junior.

O governador ressaltou que o Estado mantém diálogo constante com o Ministério da Saúde para que haja celeridade na esfera federal, o que é primordial no processo. “Meu pedido é que os secretários municipais reúnam suas equipes e trabalhem ainda mais junto aos núcleos regionais do Estado para fazer um planejamento mais agressivo e colocar velocidade no processo”.

Mais testes

Ratinho Junior também cobrou a volta da testagem em massa de casos sintomáticos e de pessoas que tiveram contato com confirmados. O Paraná ainda é referência nacional na aplicação e no processamento de testes RT-PCR (tipo gold), com mais de 1,5 milhão realizados desde o começo da pandemia e uma parceria afinada entre o Lacen (Laboratório Central do Estado do Paraná) e o IBMP (Instituto de Biologia Molecular do Paraná). O Estado chegou a realizar mais de 30% dos testes do País, o que permitiu ser assertivo no controle do contágio.

“Mas detectamos que caiu em torno de 35% o número de testes feitos nos municípios. Isso é muito ruim porque o Paraná é referência nacional nesses exames. Já fizemos um volume absurdo, o que ajudou a balizar uma série de decisões, auxiliando o Estado e as prefeituras. A queda acaba desvirtuando a análise para a tomada de decisões”, disse o governador.

Estado amplia leitos; ocupação de UTIs volta a ser recorde

A Secretaria de Estado da Saúde enviou ontem equipamentos para hospitais de três municípios: Cascavel, Curitiba e Foz do Iguaçu. A Sesa também está disponibilizando novos leitos de UTI e de enfermaria no Paraná: são 74 de enfermaria e 35 de UTI, 109 no total. Cascavel vai receber cinco ventiladores e seis monitores e Foz do Iguaçu, 20 monitores para leitos de UTIs.

De terça para quarta, o Estado já contava com 24 novos leitos de UTI, mas, mesmo assim, a taxa de ocupação voltou a ser recorde, chegando a 94% em todo o Paraná. A Macro-Oeste continua sendo a mais grave, com 98% de ocupação e ontem tinha apenas quatro UTIs para uma área de 2 milhões de habitantes.

Conforme boletim, ontem havia 3.297 pessoas internadas em alas exclusivas para tratar covid-19, das quais 1.357 estavam em UTIs, o maior número desde o início da pandemia. O Paraná também registra 154.319 casos ativos, com capacidade de transmissão do vírus, o maior até agora.

 

Cascavel volta à faixa roxa

Com a sobrecarga do sistema hospitalar e o aumento de casos ativos, Cascavel voltou ontem à bandeira roxa, a maior dentro da matriz de risco. Com 23.443 casos e 311 mortes, a cidade tem 845 pacientes com vírus ativo.

Após divulgar uma “mensagem à população”, na qual critica a briga política ideológica que tem atrapalhado o combate ao coronavírus e diz que “estamos sozinhos”, o prefeito Leonaldo Paranhos determinou reforço na fiscalização para coibir aglomerações e desrespeito ao uso de máscara.

Paranhos esteve em São Paulo e Brasília, inclusive no Instituto Butantã. Na agenda, entre outros assuntos, esteve a articulação para a compra de vacinas. O prefeito destacou que o Município tem disposição de custear a compra de vacinas, mas que necessita de autorização do Ministério da Saúde. Questionado sobre quantas doses teria condições de adquirir, Paranhos não respondeu.

Brasil chega a 250 mil mortos

A dois dias de completar um ano de pandemia, o Brasil atingiu a marca de 250 mil mortes devido à covid-19, segundo boletim extra do consórcio de veículos de imprensa divulgado nessa quarta-feira (24). No painel do Ministério da Saúde, estão computadas 249.957 mortes.

As primeiras 50 mil mortes demoraram 100 dias – entre 12 de março e 20 de junho do ano passado. Em 8 de agosto, o Brasil chegava às 100 mil mortes. Entre a marca de 200 mil, em 7 de janeiro deste ano, e a de 250 mil, nessa quarta-feira (24), foram 48 dias. A continuar no ritmo de agora, o País pode atingir 300 mil mortes ainda no mês de março.