Cotidiano

António Guterres deu voz internacional ao drama dos refugiados

guterres.jpg RIO ? Futuro secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres se responsabilizou durante uma década por dar voz internacional a um dos maiores desafios humanitários da atualidade: a questão dos refugiados. Após ter chegado ao posto de premier português, foi o chefe do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) entre 2005 e 2015. E, neste ano, sua candidatura para chefiar a organização recebeu o apoio de líderes portugueses e internacionais pela sua longa carreira política.

Crítico às políticas para imigrantes da União Europeia (UE), Guterres esteve à frente da agência para refugiados da ONU durante parte da mais grave crise migratória na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Nos seus dez anos como chefe do ACNUR, o número de pessoas obrigadas a deixarem suas casas por conta de guerras ou perseguições no mundo quase dobrou: passou de 38 milhões em 2005 a 60 milhões em 2015.

? Tive esta extraordinária oportunidade de trabalhar dez anos em apoio aos refugiados. É algo que, naturalmente, me abriu as portas de tudo o que é hoje vital nas relações internacionais ? afirmou Guterres à da televisão pública portuguesa RTP.

Em sua gestão do ACNUR, o político socialista português conduziu uma reforma da agência, que sofre com orçamentos limitados para assistir grandes dramas humanitários globais.

? A crise de refugiados teve um enorme impacto nos países de acolhimento e nas comunidades, afetando todos os aspectos da vida diária ? disse, a dez dias do fim do seu mandato, o então chefe da agência em um discurso. ? Deve haver mais apoio internacional aos refugiados e às suas perdas, e a assistência humanitária deve alcançar o nível das necessidades.

Em Portugal, a candidatura de Guterres para chefiar as Nações Unidas recebeu o apoio de diversos partidos ? incluindo do presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa. O governo argumenta em favor do ex-premier do país com a sua longa experiência política dentro e fora do país.

Guterres ocupou o cargo de primeiro-ministro de 1995 a 2002, após ter presidido o Conselho Europeu brevemente no início dos anos 2000. A sua saída do governo desapontou apoiadores, que esperavam sua candidatura à Presidência. Ele também fundou o Conselho Português para os Refugiados em 1991.