Cotidiano

Anistia ao caixa 2 inclui corrupção e lavagem de dinheiro, diz Deltan Dallagnol

2015 836478866-2015 836401143-2015072795526.jpg_20150727 (2).jpg_20150728.jpgRIO – O coordenador da força-tarefa da Lava-Jato no Paraná, Deltan Dallagnol, criticou nesta segunda-feira, em debate no Rio, as propostas para punir juízes e procuradores por crime de responsabilidade e de anistia ao caixa dois. Ele disse que se buscou, com um jogo de palavras, anistiar, na verdade, a corrupção e a lavagem de dinheiro.

? Um dos possíveis retrocessos é a anistia ao caixa dois, que, na verdade, é uma anistia à corrupção e à lavagem de dinheiro. Está havendo um jogo de palavras de anistia ao caixa dois ? afirmou o procurador, após no debate ?10 medidas contra a corrupção – Propostas de reflexão?, promovido pela FGV Direito Rio.

Ao falar sobre a corrupção no país, ele disse que, em média, apenas três em cada 100 casos são punidos e, desses, nem todos vão para a cadeia. Com relação à proposta de punir juízes e promotores por crime de responsabilidade, Dallagnol disse que é um projeto de lei da intimidação:

? Isso faria com que o investigados processem investigadores. Isso faria a vida de qualquer juiz e promotor um inferno porque grandes investigados, como Eduardo Cunha e Sérgio Cabral, poderiam manejar, com todos os recursos que têm à disposição, ações contra juízes e promotores. Isso seria feito não por um órgão imparcial, mas pelos próprios investigados a fim de intimidá-los.

Durante o debate, o procurador disse que a lava-jato não transformará o país.

? A Lava-Jato vai transformar o Brasil? Não. A Lava-Jato não vai transformar. É mais um caso criminal como foi o mensalão. As pessoas acharam que o mensalão ia mudar o Brasil, e o mensalão não mudou o Brasil ? disse Dallagnol.

Para o procurador, se não mudarem as condições que propiciam os casos de corrupção, não haverá transformação no país. No debate, ele listou as 10 medidas contra a corrupção e elencou casos, como o dos Anões do orçamento, em que nenhum político foi punido.

O procurador também falou sobre uma de suas maiores preocupações:

? A minha maior preocupação é que hoje a gente não tem praticamente nada para gerar uma celeridade maior dos processos ? afirmou.

Neste domingo, o presidente da República Michel Temer (PMDB), ao lado dos presidentes do Senado e da Câmara, Renan Calheiros (PMDB-AL) e Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou que eles não vão ?patrocinar? qualquer movimento a favor da aprovação da medida que anistia o caixa dois. O anúncio aconteceu após o caso Geddel provocar uma crise no governo.