Cotidiano

Amigo de Teori, ex-presidente do Grêmio diz que ele não se preocupava com ameaças

PORTO ALEGRE – Amigo do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki há mais de 40 anos, o ex-presidente do Grêmio e ex-deputado estadual Paulo Odone disse que Teori trabalhava nos processos da Lava-Jato mesmo durante uma viagem à praia, na semana passada, e que não dava importância a ameaças, recebidas principalmente por meio de redes sociais.

– O que ele disse que teve de pressão foram os radicalismos das redes sociais, principalmente quando deu despacho em relação ao Lula (o ministro anulou a validade de escutas telefônicas entre os ex-presidentes Lula e Dilma), em relação ao impeachment. Fizeram ameaças pela rede social, protesto na frente do edifício dele aqui em Porto Alegre. Fizeram ameaças de morte, coisa assim, contra filhos, a ele. Mas isso passou também – disse Odone, que continuou:

– Não tinha jeito, qualquer decisão tinha gente de esquerda ou direita reclamando. Ele dizia: “Não posso pensar nisso. Minha função é aplicar a lei e a Constituição? – afirmou Odone.

Em entrevista à rádio CBN, nesta sexta-feira, um dos filhos de Teori, o advogado Francisco Zavascki, disse que ameaças contra seu pai aconteciam ?com maior ou menor intensidade conforme notícias e as decisões iam sendo tomadas?, e vinham pelas redes sociais, por e-mail e por telefone.

Gremista fanático, Teori foi conselheiro do clube presidido por Odone. O ex-dirigente gremista diz que viajou com o amigo na semana passada para a praia de Xangri-lá, no litoral do Rio Grande do Sul. Mesmo durante as férias Teori estava trabalhando:

– Teori se comunicava mesmo em férias, por telefone, com essa equipe dele que estava trabalhando em Brasília. Mesmo na praia fazia esse contato. Ele dizia (sobre as delações da Odebrecht), “Se as formalidades estão de acordo com a lei, eu homologo e mando para o (procurador-geral Ricardo) Janot. Não vou ficar com isso parado na minha cadeira. Vou mandar imediatamente. Não tem drama, é só aplicar a lei”. Se dependesse dele, Teori, ia ser assim.

Odone conhece Teori desde os anos 1970, quando o ministro do Supremo fez um estágio no escritório do ex-presidente gremista. Além da viagem no fim de semana passado, Odone se lembra que jantou com Teori na terça-feira.

O corpo do ministro é velado desde as 9h deste sábado na sede do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre. Pela manhã, a cerimônia foi reservada para amigos e familiares. O velório foi aberto ao público, a partir das 11h. O sepultamento está marcado para as 18h no Cemitério Jardim da Paz, também na capital gaúcha. Diversas autoridades devem prestar sua última homenagem ao ministro, que morreu junto com mais quatro pessoas em um acidente aéreo em Paraty na quinta-feira.