Cotidiano

América Latina terá retração de 0,8% em 2016, diz Cepal

SANTIAGO – A economia da América Latina e do Caribe vai contrair 0,8% neste ano, pressionada pelo cenário complexo que o Brasil enfrenta e pelas retrações maiores que as previstas na Argentina e na Venezuela, disse nesta terça-feira a secretária executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Alicia Bárcena. A previsão é pior do que a feita em abril, quando indicava um recuo de 0,6%.

?Os países da América Latina e o Caribe mostrarão uma contração em sua taxa de crescimento de ? 0,8% em 2016, queda maior do que a observada em 2015 (-0,5%), com um comportamento muito heterogêneo entre países e sub-regiões?, afirma um relatório do organismo das Nações Unidas apresentado em Santiago.

Segundo a secretária executiva, a nova retração que se prevê na região, após a queda de 0,5% no ano passado, está marcada por uma situação adversa no comércio exterior e investimentos fracos.

? O momento econômico que a região vive é um choque de termos de comércio, onde os preços das matérias-primas continuam caindo ? disse Alicia. ? Com essas cifras e números, o que se pode determinar é que o financiamento será mais caro, mas a região continuará sendo acessível.

A queda é liderada pela América do Sul, onde se espera uma contração de 2,1% em 2016, ?afetada principalmente por uma deterioração dos termos de intercâmbio, uma menor demanda externa e uma desaceleração significativa da demanda interna, que reflete uma significativa queda no investimento doméstico?, de acordo com a Cepal.

A secretária executiva do órgão multilateral sediado em Santiago, no Chile, explicou que a desaceleração da região é heterogênea e que a América do Sul é o bloco mais afetado.

? Os que jogam as perspectivas para baixo são a Argentina, o Brasil, o Equador e a Venezuela ? disse.

No caso do Brasil, a maior economia da região, a Cepal manteve sua projeção de uma contração econômica de 3,5% neste ano, devido à ausência de sinais de recuperação de seus principais motores de crescimento.

Alicia destacou que a manutenção de uma taxa de juros elevada e uma queda do dólar frente ao real são dois elementos que estão contendo a expansão do crédito e as exportações brasileiras.

Para a Argentina, a expectativa é de uma retração de 1,5%, ante projeção anterior de retração de 0,8%. A Venezuela, em plena crise política, tem o pior resultado, com uma contração esperada de 8%, enquanto a economia equatoriana deve recuar 3,5%.

Já os países da América Central devem crescer, com uma expansão média de 2,6%. A República Dominicana lidera os avanços, com um crescimento esperado de 6%, seguido de Panamá (5,9%), Nicarágua (4,5%), Guatemala (3,5%) e Honduras (3,4%). O México deve crescer 2,3%