Cotidiano

Ameaça: Caso de ferrugem asiática deixa produtores em alerta

Registro foi feito ontem em uma lavoura comercial de Toledo pela Embrapa

Toledo – O fenômeno El Niño, que já causou prejuízos milionários à região (granizo, temporais e tornado), preocupa agora o setor mais importante para a economia do Oeste: a agricultura. O excesso de chuva, que em novembro foi quase o dobro da média de 180 milímetros estimada pelo Simepar, é um dos fatores que podem reduzir a produtividade e a qualidade da oleaginosa.

O grande vilão dessa história, que aproveitou o período extremamente chuvoso, é o fungo P. pachyrhizi, causador da ferrugem asiática. Na quarta-feira (2), a Embrapa confirmou o primeiro caso da doença na região em lavoura comercial em Toledo. Segundo a pesquisadora Claudia Godoy, o estágio em que a soja se encontra atualmente no Oeste, entre o desenvolvimento e a floração, é o mais suscetível para contrair a patologia.

Esse primeiro foco coloca os produtores rurais em alerta. Isso porque o fungo se dissemina muito fácil pelo vento e pode chegar às lavouras vizinhas e causar perdas irreversíveis caso o controle, feito por meio de fungicidas, não seja realizado de maneira adequada e no período correto.

“A ferrugem asiática está presente na região e para evitar prejuízos o agricultor não pode perder o ponto da aplicação”, relata Claudia.

O núcleo regional da Seab (Secretaria do Estado da Agricultura e Abastecimento) em Toledo, não confirmou a presença da doença, entretanto, afirma que o clima quente e úmido não é bom para o desenvolvimento da cultura e favorece o aparecimento de doenças, visto a dificuldade de aplicação de fungicidas.

A Embrapa realiza monitoramento constante das lavouras em todo o País. No Paraná, as pesquisas são feitas em Londrina e divulgadas pelo mapa de dispersão da soja, onde podem ser encontrados os locais em que há ocorrência de ferrugem asiática.

Conforme os dados, o Paraná é o segundo estado com o maior número de registros, com 29 episódios. No entanto, a pesquisadora Claudia ressalta que o problema pode ser bem maior, já que as condições climáticas impedem a entrada nas lavouras para executar as ações preventivas. Santa Catarina é o que apresenta o pior índice, com 31 ocorrências.

Vazio sanitário

O vazio sanitário, que inicia no Paraná em 15 de junho e segue até 15 de setembro, é um período fundamental para reduzir o aparecimento da ferrugem asiática nas lavouras. A pesquisadora da Embrapa Claudia Godoy não atribui a presença da doença na região à falta de cuidados na entressafra, quando o cultivo da soja é proibido. As características comuns do fenômeno El Niño, por sua vez, anteciparam a ação do fungo, já que os primeiros registros apareceram em novembro, um mês antes do esperado.

Infelizmente, os sintomas da doença nem sempre são percebidos logo no início. Os produtores devem ficar atentos e observar a parte inferior da folha, que pode apresentar alguma saliência, característica da ferrugem, além de apresentar uma cor esverdeada a cinza-esverdeada. Quando notificada, o agricultor precisa imediatamente controlá-la para não reduzir sua produtividade.