Esportes

Aluna do Pedro II corre risco de não embarcar para Olimpíadas de Neurociências

RIO — Primeira colocada na IV Olimpíada Brasileira de Neurociências (Brazilian Brain Bee), em São Paulo, e selecionada para representar o Brasil na 16ª Olimpíada Internacional (2016 Brain Bee World Championship), na Dinamarca, a estudante Lorrayne Isidoro, de 17 anos, corre o risco de não viajar. Depois de lutar para conseguir juntar o dinheiro para pagar a passagem de avião e a hospedagem no exterior, agora a estudante do Pedro II sofre com um atraso na emissão de passaportes. Na última quinta-feira, data prevista para a entrega do documento, ela foi ao posto do Galeão acompanhada da mãe e da professora Camila Marra, sua orientadora de estudos. Lá, elas receberam a notícia de que os documentos “ainda estavam em confecção”. Nesta sexta-feira, as três foram novamente ao posto de atendimento da PF e, mais uma vez, foram informadas de que os passaportes ainda não estava pronto. Lorrayne deve viajar em companhia da mãe, Estela Meirelles Isidoro, e da orientadora, Camila, na próxima terça-feira.

Segundo Camila Marra, elas ainda tentaram solicitar um passaporte de emergência, argumentando que a viagem era para um evento internacional importante. Mas o agente que as recebeu foi categórico: o serviço está com atrasos e nesta sexta-feira só estão sendo aceitos pedidos de passaporte dos que estão em pior situação.

— Ele foi educado e ouviu nossa historia, mas disse que hoje só estão recebendo pedidos de quem está com viagem marcada para o final de semana. E mandou que voltássemos na segunda-feira, 7h, para uma tentativa. Estamos preocupados porque não temos garantia de que conseguiremos o passaporte de emergência — disse Camila Marra.

De origem pobre, filha de um ambulante e uma explicadora — que dava aulas para ajudar no sustento da família —, Lorrayne venceu competidores de peso para garantir a vaga. No evento do dia 14 de maio, brigou pela vaga classificatória com outros 13 estudantes do país. A avaliação, considerada de alto nível, teve uma bateria de cem questões sobre morfologia (neuroanatomia, neurohistologia e embriologia), neurofisiologia, neurociências básicas e clínica. E, apesar de a olimpíada ser voltada para alunos do ensino médio, as questões exigiam conhecimentos de nível superior.

Lorrayne estudou a vida toda em escolas públicas. E conta que sempre teve facilidade de aprender. Fala inglês e francês e está estudando, por conta própria, italiano e dinamarquês, língua que pretende treinar durante e viagem.

Criada em 1998, por iniciativa do Dr. Norbert Myslinski (Universidade de Maryland, EUA), as Olimpíadas de Neurociências (Brain Bee Competition) são competições de neurociência para estudantes do ensino médio, entre 14 e 19 anos, que acontecem atualmente em mais de 30 países. Há cerca de 150 coordenadores de Olimpíadas de Neurociências distribuídos em comitês locais por todo o mundo, sendo três deles no Brasil. Anualmente, um representante de cada país é selecionado nas provas nacionais. Os três primeiros colocados recebem medalhas e prêmios em dinheiro.

Procurada pelo Globo, a Polícia Federal ainda não se pronunciou sobre o caso.