Cotidiano

Aluna da UFBA critica apostilas de curso preparatório para Medicina: ?comentários machistas?

caso_medgrupo.jpgRIO ? Uma mulher nua, deitada, com parte do corpo coberta de peixes e envolvida por uma fumaça verde provoca nojo em um homem, que tapa o nariz e esboça anseio de vômito. A cena, que aborda distúrbios ginecológicos, é uma das ilustrações que geraram polêmica nas redes sociais na última semana quando uma aluna da Universidade Federal da Bahia (UFBA) questionou o conteúdo do material didático produzido pelo MedGrupo, um curso preparatório para concursos médicos. Em resposta à acusação de propagar machismo em análises de casos clínicos, o grupo afirma que é ?contra a agenda do politicamente correto?.

medicina-machismo45.jpgHeloísa Cohim conheceu o modelo de ensino em questão ao pegar módulos emprestados do livro ?MED 2013: Síndromes de Transmissão Sexual?, com colegas residentes, para estudar por conta própria.

?(…) Tive o desprazer, logo nas primeiras páginas do MED 2013: Síndromes de Transmissão Sexual, de ser exposta a casos clínicos com comentários machistas, e ilustrações que expõe o corpo feminino de maneira vulgar! Em certo caso, uma mulher era vítima de um relacionamento abusivo e, após traição e término do relacionamento, decidiu desfrutar da sua liberdade, tal cena é retratada com um desenho de uma mulher seminua fantasiada de ?diabinha?, diz um trecho da mensagem deixada pela aluna ao MedGrupo.

Ao final, a estudante do 8º semestre da faculdade de medicina da UFBA acrescenta que ?muitos jovens do Brasil têm acesso a esses conteúdos? e que ?os senhores são formadores de opinião e devem se responsabilizar mais por isso?.

Em meio à repercussão entre internautas, a Gestão Caroé do Diretório Acadêmico de Medicina (Damed-UFBA) também decidiu se pronunciar sobre o caso, em um comunicado oficial, e frisa que repudia o posicionamento do grupo, considerando-o ?machista e misógino?.

?O posicionamento do grupo empresarial retratado nas frases ?a todos que não gostem deste estilo que não usem o nosso material, especialmente aqueles que não pagaram por ele?, ?os que se sentiram ofendidos pela leitura (…) que procurem outras alternativas para complementarem seus estudos (…) boa sorte a todos que se aventurarem nesse caminho?, ?Não reavaliaremos absolutamente nada. Nenhuma vírgula!? é frustrante?, declara o Damed, em parte do comunicado.

med1.jpgOutra a se indignar com a resposta dada pelo MedGrupo, Branca Freitas diz que este tipo de ensino abre brechas para violência obstétrica e mau atendimento em consultórios de ginecologia.

?É esse o tipo de medicina a qual nós, mulheres, somos submetidas: zero ética, zero humanidade, zero respeito e zero bom senso?, escreveu.