Cotidiano

Aliados se frustram com gestão Temer

2016 923299951-imposto do presente_20160714.jpgBRASÍLIA ? Seis meses após Michel Temer ter assumido a Presidência, parlamentares que alimentavam a expectativa de um governo capaz de reagir à estagnação econômica vivem uma certa frustração e até constrangimento pelas denúncias que parecem infindáveis da Operação Lava-Jato. Também se incomodam com a inércia do governo para dar respostas mais rápidas à crise política.

No auge das discussões do impeachment da presidente Dilma Rousseff, no primeiro semestre deste ano, a oposição à petista apontava, além das ?pedaladas fiscais?, outros motivos para derrubá-la. Esses parlamentares listavam seus defeitos, como o fato de ser centralizadora, autoritária, ter temperamento difícil, pouca capacidade de ouvir opiniões e desprezo pelo Legislativo. Em contrapartida, enumeravam qualidades de Temer, como sua capacidade de conciliação e disposição ao diálogo. Mas, na última quinta-feira, Temer cancelou o almoço de confraternização, no Palácio da Alvorada, que ofereceria aos parlamentares ?o que gerou um certo alívio entre os deputados da base aliada.

? Ainda bem, não tem o menor clima para festa ? reagiu o líder de um partido da base.

Em três dos principais partidos que sustentam Temer no Congresso ? PSDB, PSB e DEM ? há muito desconforto e alguns movimentos pelo desembarque. No PSB, as críticas a Temer se tornaram públicas nos últimos dias, depois que quatro diretórios estaduais (Rio Grande do Sul, Paraíba, Amapá e Acre), propuseram o rompimento imediato com o governo. O movimento foi contido pela direção nacional do partido, mas não o desânimo com a gestão Temer.

? As mesmas razões que nos afastaram de Dilma, os problemas éticos, morais e econômicos, nos levam a querer o afastamento de Temer. O governo corta tudo, menos os juros, tem um ?dream team? na linha de frente abalado por denúncias, e todas as medidas tomadas são de longo prazo ? disse o vice-presidente nacional do PSB, Beto Albuquerque, ressaltando que esperava mais acertos dos peemedebistas na condução da política e da economia, e não um governo que chama de ?inerte?.

No PSDB, as críticas atingiram o ápice há 15 dias, quando o presidente do partido, senador Aécio Neves (MG), propôs uma participação mais efetiva dos tucanos na formulação de políticas econômicas capazes de dar respostas imediatas. Setores do governo e da base aliada viram nesse movimento uma tentativa de o PSDB se apropriar da gestão?.