NOVA YORK – A situação vivida pelos civis sírios em Aleppo, cidade bombardeada há dias pelo governo de Bashar al-Assad e pela Rússia, sofre a “maior catástrofe humanitária jamais vista na Síria”, disse nesta quinta-feira o chefe de ajuda humanitária da ONU, Stephen O’Brien. Entre os mais vulneráveis às incursões militares, segundo ele, estão mais de 100 mil crianças nas zonas bombardeadas. ALEPPO
? A cidade caiu no impiedoso abismo da catástrofe humanitária como jamais se viu na Síria ? disse O’Brien ante o Conselho de Segurança, acrescentando que o sistema de saúde na parte sitiada da cidade “está prestes a entrar em colapso completo”.
De acordo com O’Brien, o cerco à cidade está deixando a parte Leste, controlada por rebeldes, com comida disponível apenas para 40 mil pessoas ? e por só um mês.
? Há casos de mortos por desnutrição, enfermidades ou envenenamento de civis que consumem alimentos vencidos. A água também começa a escassear e esperamos um aumento dramático e iminente das doenças ? relatou. ? Um dia, não haverá um lugar aonde os indivíduos poderão ir para se esconder.
Ele pediu ainda às forças diplomáticas de EUA e Rússia que trabalhem para restaurar o mais rápido possível um cessar-fogo acordado há duas semanas e fracassado há dias entre forças do governo e rebeldes.
? A Síria sangra. Seus habitantes morrem. Todos escutamos seu grito de pedido de ajuda ? lamentou. Aleppo sofre a pior catástrofe humanitária jamais vista na Síria
A ONU advertiu nesta quinta-feira que centenas de pessoas precisam ser retiradas da área por questões médicas urgentes.
? Para nós o que é prioritário é a preocupante situação médica no setor rebelde ? afirmou em Genebra Ramzy Ezzeldin Ramzy, o enviado adjunto da ONU para a Síria. ? É preciso organizar urgentemente evacuações médicas, provavelmente de centenas de pessoas.
Ramzy fez estas declarações um dia depois que os dois principais hospitais do leste de Aleppo foram bombardeados. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, classificou os ataques de “crimes de guerra”.
TENSÃO CRESCE
Em Moscou, o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, anunciou que a aviação russa prosseguirá “sua operação de apoio à luta antiterrorista das Forças Armadas sírias”, rejeitando ao mesmo tempo as críticas “não construtivas” das autoridades americanas.
Já o secretário de Estado americano, John Kerry, alertou nesta quinta-feira à Rússia que os EUA estão prestes a suspender as discussões sobre o conflito na Síria devido aos ataques.
? Acho que estamos a ponto de suspender as negociações porque é irracional, no atual contexto, com os bombardeios acontecendo, ficar sentado aqui, tentando encarar as coisas seriamente. Não há noção ou indicação de um propósito sério diante do que está acontecendo agora ? disse ele em coletiva.
