Política

Alckmin em Cascavel

Ainda em um processo de adesão e apoio do chamado “centro” de partidos com convicções e objetivos semelhantes, Geraldo Alckmin, 65, percorre estados brasileiros para lançar pré-candidatura à Presidência, após renunciar ao governo do Estado de São Paulo. Em visita a Cascavel na manhã de ontem, Alckmin enfatizou que a construção do grupo só será entre 20 de julho e 5 de agosto, quando terminam as convenções partidárias. Por enquanto tem já confirmado apoio de cinco partidos.

Ontem a Amop (Associação dos Municípios do Oeste do Paraná) recebeu oficialmente o primeiro presidenciável. Fato que não passou despercebido foi o fechamento da Rua Pernambuco, em frente à entidade, com forte esquema policial: ação considerada desnecessária, após baixíssimo público que prestigiou a visita de Alckmin, acompanhado do ex-governador Beto Richa (pré-candidato ao Senado) – réu na Justiça Federal – e Valdir Rossoni (pré-candidato a deputado), investigado na Justiça Estadual por supostos funcionários fantasmas enquanto presidiu a Alep (Assembleia Legislativa).

O primeiro apontamento esteve relacionado ao agronegócio: obras necessárias para expandir a atuação do setor no País e também no mercado externo. “Precisamos estimular mais modais de transporte e integrar esses modais. No Paraná já existe a ferrovia de Cascavel a Guarapuava, que deve seguir de Guarapuava até o Porto de Paranaguá. Estarei em Dourados, Mato Grosso do Sul, onde está em andamento um estudo de uma PPP [Parceria Público Privada] de ferrovia até o Paraná”, disse Alckmin, que também defendeu a implantação de aerovias. Outra cobrança do Estado apontada pelo pré-candidato estava relacionada a defesa sanitária. “Há um pleito de área livre de aftosa sem vacinação: devemos modernizar a defesa sanitária”.

Para mudar os índices negativos da economia, Alckmin ressaltou a necessidade de reformas estruturantes. “Entre elas a tributária para simplificar o modelo atual. O mundo vive um protecionismo, temos que ter uma política externa ativa, saber jogar o jogo do século XXI, defender mercado. Precisamos de uma abertura comercial com agenda de competitividade”.

Sobre possível anseio de já definir vice, Geraldo negou que tenha feito convite, por meio de Paulinho da Força (presidente do Solidariedade), para que Aldo Rebelo assuma a vaga. “Não está decidido e não tem convite. Isso será um fruto de entendimento no fim do ano”.

Tempo na televisão pode guinar desempenho

Em visita ao Oeste, Geraldo Alckmin comentou o baixo desempenho em pesquisas eleitorais encomendadas pelos partidos que o apoiam, atribuindo ser cedo para comentar o cenário eleitoral. “A campanha só vai começar quando começarem as propagadas no rádio e televisão. Gosto de campanha curta: é boa. Agora o povo vai amadurecendo. Hoje nem sabem ainda quem é ou não candidato. Esperamos boa aliança e bom tempo na televisão”.

Alckmin já teve o sabor amargo da derrota a candidatura presidencial em 2006, quando obteve 39,17% dos votos no segundo turno, sendo derrotado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso por corrupção neste ano.

Defesa da fronteira

O pré-candidato pelo PSDB defende a ideia de revisão do Pacto Federativo, com aumento dos índices do FPM. “Sou ex-prefeito e sou favorável a descentralização: o que o município puder fazer, o estado não deve fazer; o que o estado pode fazer, a União não deve fazer e o que a sociedade e o setor produtivo puder fazer, o governo não deve fazer”, afirma Geraldo Alckmin.

Para a segurança nacional, a proposta é melhorar o suporte de inteligência nas fronteiras, com implantação de uma Agência Nacional, unindo a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Forças Armadas e estados para o combate de drogas, armas, contrabando e descaminho, com ampliação do Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras), além de criar uma Guarda Nacional.

Richa evita polêmica

O ex-governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), evitou polemizar a afirmação do juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações da Lava Jato em primeira instância, que ao enviar à Justiça Eleitoral o processo que envolve o tucano declarou que o caso não se trata de “mero caixa dois”.

Em Cascavel (oeste do Paraná), onde acompanhou na manhã desta quinta-feira (28) o pré-candidato tucano à Presidência da República, Geraldo Alckmin, Richa disse que não comenta questões judiciais.

“É uma decisão da corte superior, por unanimidade, e vai para a [Justiça] Eleitoral, eu não discuto decisão judicial”, resumiu o ex-governador e pré-candidato ao Senado.

O despacho de Moro que encaminhou o inquérito envolvendo Richa para a Justiça Eleitoral foi assinado na última segunda-feira (25).

"Não há alternativa a este Juízo se não remeter os autos à Justiça Eleitoral para que profira sua avaliação, esperando-se, respeitosamente, que devolva os autos oportunamente para o prosseguimento das investigações por crime de corrupção, lavagem e fraude à licitação, como, aliás, também se posicionaram o MPF e a autoridade policial", disse Moro na sentença.

Richa foi citado em delação premiada, em 2014, por suposto crime de corrupção em sua gestão como governador. Uma delação de 2014 apontou que o governo estadual recebeu R$ 4 milhões da Odebrecht. O valor seria uma troca com a empreiteira para que ela vencesse uma licitação para a duplicação da PR-323.