Esportes

Airsoft: esporte balizado em honra, respeito e segurança

Atividade que tem se popularizado em todo o País, mas que ainda enfrenta restrição por parte de não-praticantes por utilizar réplicas de armas de fogo, o airsoft há muito tempo deixou de ser uma brincadeira e passou a ser encarado como esporte. No Brasil, a Portaria nº 002 do COLOG (Comando Logístico) do Exército Brasileiro regulamentou em fevereiro de 2010 a utilização de simulacros de arma de fogo e de armas de pressão. De lá para cá modalidade cresceu. Em Cascavel, há cerca de mil jogadores e dez equipes, além de seis campos de jogos.

“Esse número de praticantes diz respeito àqueles que jogam pelo menos uma vez a cada 30 ou 60 dias. Já os jogadores ativos são cerca de 300, que jogam praticamente toda semana. No geral, a média na cidade é de dois jogos oficiais por semana em campos e um jogo por semana em arena de combate [local voltado ao comércio, que aluga equipamentos para jogos]”, explica Devanir Borges, um dos precursores do airsoft em Cascavel.

Os campos a que se refere o pioneiro são locais preparados para as partidas e de responsabilidade das equipes: “Todos têm nomes. Há o TAC [Termas Airsoft Cascavel], o CCA [Cascavel Classe A], o Ghost, o GOTA… enfim, cada campo é de um time, que o mantém, cuida da manutenção e para que não haja invasores. Geralmente os campos são barracões inutilizados e que acabam tendo uma reavivada por causa dos jogos”.

Os jogos

As partidas de airsoft duram em média de três a quatro horas, mas não há limite para ocorrerem. Há jogos realizados durante 24 horas seguidas e uma competição que é realizada na Rússia que dura uma semana. Os jogos em Cascavel reúnem em média 20 jogadores, além de fiscais (Rangers) que usam coletes de cor chamativa e que orientam os participantes quantos aos objetivos específicos, erros e também questões relacionadas à segurança. “Quanto aos objetivos eles podem ser muitos, desde ter que desarmar uma bomba até ter que resgatar uma bandeira ou um refém. No início, há cinco anos, era só ‘mata-mata’, enquanto não morriam todos não iniciava outro jogo, mas como tem aqueles que ficam escondidos (os campers), os mortos demoravam demais para ‘reviver’. Daí comeou a ter objetivos”, explica Borges, jogador de airsoft.

As regras e os imortais

As regras do airsoft são expressas pelos jogadores, que as estipulam por questão de segurança, para preservar a integridade física dos praticantes. Uma delas é utilizar bolinhas de 6mm.

“A potência das armas, por exemplo, é limitada. Ela é medida por FPS (Feet Per Second – pés por segundo) e tem um aparelho que confere isso, para o projétil não sair mais forte e machucar o colega. O que existe mesmo são regras de segurança e conduta. Cada jogo, cada operação, tem suas próprias diretrizes, mas sem passar por cima das de segurança e conduta. As básicas são utilizar óculos de proteção e um pano vermelho, que é para se acusar quando for atingido. Eu recomendo ainda uma proteção facial, por máscara de tela”, explica outro veterano no esporte, Davi Queiroz, o Nola Sniper, de Capitão Leônidas Marques.

Uma dessas regras, aliás, é a que faz o esporte ser considerado “de honra”: a que o “morto” tem que se acusar. Não importa se o tiro acertou no pé ou na arma. “Os pilares do airsoft são: honra, respeito ao próximo e segurança. Quem atua de forma diferente acaba sendo cortado aos poucos dos jogos. Não é uma competição, é uma confraternização que depende da honestidade do jogador. Ninguém gosta de ‘highlander’, o imortal”, continua Sniper, que aconselha aqueles que não se agradaram com o jogo por desrespeito de outros competidores a procurar outros grupos de jogos.

É caro?

Assim como praticamente todo o esporte, no airsoft há opções para todos os bolsos. Para as armas, que são elétricas, os preços vão de R$ 600 para um modelo usado a partir de R$ 1.100 para um novo. Há lojas físicas em Cascavel e muitas outras na internet. Já um pacote de bolinhas (BBS) com 5 mil unidades custa em torno de R$ 80. A especialidade do jogador e o tipo de jogo vai dizer quanto elas irão durar. Um sniper (franco-atirador) gasta cerca de 50 BBS por jogo, enquanto um assault (utiliza rifle médio, semelhante ao AK-47 e ao M16), que dispara de três a quatro tiros por puxada de gatilho, gasta cerca de 1.000 BBS num dia. Já que joga de suporte (metralhadora) gasta de 5 mil a 10 mil bolinhas num dia. A bateria de armas do tipo AEG (rifles elétricos) custam em torno de R$ 150 e o carregador delas R$ 50. Vale deixar claro que também existe no mercado armas de puxar para atirar e à gás, com valores distintos, mas que não são usuais em jogos de airsoft.

Legislação

Pela legislação brasileira sobre réplicas e simulacros de arma de fogo e armas de pressão, é exigido que elas devem apresentar uma marcação na extremidade do cano na cor laranja fluorescente ou vermelho “vivo” a fim de distingui-las das armas de fogo. Já seu proprietário deve manter a guarda permanente de documento que comprove a origem lícita do produto, além de jamais conduzi-la ostensivamente.