Policial

Agentes penitenciários são transferidos da PEC após ?lista dos dez?

Presos ligados ao PCC estariam comandando a penitenciária depois da rebelião

Cascavel – Dez agentes penitenciários que estavam lotados na PEC (Penitenciária Estadual de Cascavel) foram transferidos da unidade por estar sofrendo ameaças dos detentos dentro da prisão.

Uma denúncia feita a O Paraná por agentes relata que, mesmo depois da rebelião, presos ligados à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) continuariam comandando a penitenciária. Segundo um dos agentes, que por questões de segurança preferiu não se identificar, os detentos ligados à facção não são muitos.

“É uma minoria, mas esses poucos dominam não só os presos, mas ditam regras lá dentro, ameaçando os que trabalham dentro da unidade”.

Para minimizar os riscos e evitar que os agentes fossem rechaçados na PEC, dez profissionais teriam sido lotados em outras unidades.

“São profissionais que agem de forma mais dura, que queriam evitar que a criminalidade se alastrasse. Infelizmente isso não foi possível e, por agirem de acordo com o que é certo, com o que a lei prevê, não permitindo que regalias fossem mantidas, foram transferidos para outras unidades”.

Dentre as proibições estaria a entrada de produtos ilícitos, como drogas e armas. Segundo dados da Sesp (Secretaria Estadual de Segurança Pública e Administração Penitenciária) em todo ano passado foram encontrados durante revistas na unidade dois celulares e 50 gramas de drogas. Já no primeiro semestre deste ano a quantidade de entorpecente apreendida dobrou, passando para 100 gramas.

“Os presos do PCC comandam a cadeia, eles acabam usando do poder que tem para conseguir as regalias, drogas, celulares e muitas coisas aqui dentro. Muito se fala da situação da 15ª SDP [Subdivisão Policial], mas não sabem como é dentro da PEC”.

O agente ressalta que não está minimizando o problema na carceragem, que abriga cerca de 500 presos em um espaço para 132, contra pouco mais de 300 na penitenciária, que não está superlotada.

“Sabemos que na carceragem a situação é caótica, não tem profissionais para atender toda a demanda, mas os presos que estão dentro da PEC são muito mais perigosos, violentos e os riscos são bem maiores”.

Direção afirma que denúncias são “vazias”

A reportagem de O Paraná entrou em contato com a direção da PEC questionando a lista dos dez agentes que foram lotados em outras unidades. Segundo o diretor, Valdecir Gralick Alves, que assumiu há cerca de três meses, a única mudança de agentes que ele tem conhecimento é a que ocorreu logo após a rebelião.

“Como saíram muitos presos da PEC, 20 agentes foram transferidos para a PIC [Penitenciária Industrial de Cascavel] e para a PIG [Penitenciária Industrial de Guarapuava], mas isso foi algo normal já que diminuiu o número de detentos”.

Segundo ele, não há informações sobre a tal lista. Conforme o diretor, trabalham diariamente dentro da unidade cerca de 25 agentes. Sobre os presos estarem comandando a penitenciária, ele disse que veio para a PEC para diminuir as denúncias que ocorriam.

“São denúncias vazias e que não levo em consideração por ser anônima. Se a pessoa sabe que está acontecendo isso e tem como comprovar, ele deve me representar para que eu possa me defender”.

Gralick comentou ainda que quando foi transferido de Maringá para Cascavel encontrou uma série de denúncias contra agentes e que, quanto aos que estão na unidade, não foi encontrado nenhum tipo de problema.

(Com informações de Tissiane Merlak)