Esportes

Agberto Guimarães, presidente do COB: ?Não há tempo nem recurso paraapostar em tudo?

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Com seu jeito direto, Marcus Vinicius Freire deixou a cadeira de diretor executivo de esportes do Comitê Olímpico do Brasil (COB) no último 2 de setembro. No mês seguinte, sem férias após ocupar cargo de mesmo nome no Rio-2016, o reflexivo Agberto Guimarães assumiu a posição de confiança do presidente Carlos Arthur Nuzman.

Quais são os objetivos do COB para este primeiro ano de ciclo olímpico?

Temos dois focos: preparação de atletas e gestão das confederações. Uma empresa trabalha com foco no produto final. Para nós, esse produto final são o atleta e as medalhas. Um foco anterior na parte de governança, gestão e administração é fundamental.

O COB vai passar a intervir nas confederações, então?

Cuidado com essa palavra, ?intervir?. Não é isso. O COB vai estar junto às confederações, trabalhando em parceria, grudado, no sentido de auxiliá-las para que possam trabalhar melhor com os recursos que repassamos a elas. No processo de gestão, a gente tem várias fases. Não basta dizer que é ótimo na prestação de contas. Em linhas gerais, vamos despertar nelas o interesse e a vontade de trabalhar melhor. E cobrar resultados.

O que levou o COB a mudar de posicionamento em relação às confederações?

Eu, mas também existe uma vontade da diretoria do COB. Temos menos dinheiro também. O início do ciclo é sempre mais apertado. Se eu não apertar o processo de gestão agora, não consigo sobreviver. Não consigo enxergar um outro caminho para melhorar o desempenho sem melhorar a gestão.

Qual a confederação que mais o preocupa neste momento?

Não tem uma que me preocupe mais. Mas o caso da CBB (Confederação Brasileira de Basquete) é grave. A Fiba, que é a federação internacional de basquete, ainda não levantou a suspensão. E precisamos disso para começar a repassar os recursos para a CBB e, o mais importante, voltar a participar das competições.

O COB quer estar mais presente nas confederações. Nossos clubes de basquete não podem jogar competições internacionais por causa da suspensão, as seleções de base também não podem jogar. Não é passividade demais o COB esperar a Fiba levantar a suspensão?

Não importa quais ferramentas eu vou apresentar neste momento se a Fiba ainda não levantou a suspensão. Mas estamos em contato com eles e ajudando a CBB a cumprir cada demanda da Fiba.

O desempenho do Time Brasil no Rio-2016 (7 ouros, 6 pratas e 6 bronzes) está ajudando nas conversas com patrocinadores?

Acho que o resultado do Brasil não foi ruim. O resultado foi bom, mas ele pode ser muito melhor. Para isso, temos que acertar mais. E isso está diretamente ligado às escolhas das confederações, em quem elas vão investir. Você não pode apostar em tudo. Não há tempo, não há recurso nem conhecimento para se fazer isso. O grande desafio agora é convencer a confederação de que ela precisa fazer escolhas, precisa decidir entre apostar em A ou em B.

Incomoda ver o Marcus Vinicius D?Almeida, destaque do tiro com arco, ter que desembolsar R$ 15 mil do próprio bolso para treinar na Europa este ano?

A CBTArco já esteve aqui duas vezes reunida conosco, e ratificamos o interesse em continuar investindo no Marcus. Agora, precisamos fazer uma avaliação do trabalho que já foi feito. Então, não acho que seja justo alguém falar que estamos abandonando o atleta. Precisamos entender por que ele escolheu esse treinamento e se isso está alinhado com os nosso objetivos para este ciclo olímpico.

Qual é o maior legado do Rio-2016 para este ciclo?

É o conhecimento técnico de organizar um evento do tamanho dos Jogos Olímpicos.

Não é pouco?

Calma. Vocês só olham para a estrutura física. Vocês não olham para o que está atrás. Eu não estou falando isso para enrolar. Sem o conhecimento técnico, você não faz as outras coisas. As instalações estão paradas ainda, mas o parque olímpico de Londres demorou mais de dois anos para ser reaberto após os Jogos, por exemplo.