Cotidiano

Advogados da facção do Amazonas extrapolavam atividades profissionais, diz MP

63596481_A relative of a prisoner is seen in front of Anisio Jobim prison in Manaus Brazil Janua.jpg

BRASÍLIA ? Apurações do Ministério Público Federal revelaram que cinco advogados da Família do Norte atuavam além da atividade profissional ? e, por isso, foram denunciados. Segundo os investigadores, os advogados muitas vezes prestaram serviços ?que em nada se relacionavam com a nobre atividade da advocacia?. Em uma ocasião, eles recolheram, nos presídios, assinaturas dos detentos em apoio à permanência do juiz da Vara de Execuções Penais do Amazonas, Luiz Carlos Valois Coelho. Isso porque o magistrado teria autorizado a existência de ?celas de luxo? no presídio para membros da Família do Norte. Massacre Manaus – 04.01 II

Uma das idealizadoras do abaixo-assinado foi Lucimar Vidinha Gomes, conhecida como “bar” e apontada como namorada de José Roberto, suposto chefe da organização criminosa. ?Além da relação profissional, eles nutrem fortes vínculos afetivos?, concluiu o MPF. Na investigação, a advogada aparece em fotos no Facebook com integrantes da Família do Norte. Segundo as investigações, Lucimar tinha a função de transmitir mensagens de José Roberto aos presos, a autoridades públicas e outros membros da facção em liberdade.

Em uma das denúncias do Ministério Público Federal contra membros da organização, é descrita a conduta de cinco advogados que apresentavam atestados médicos falsos e fraudavam outros documentos para subsidiar pedidos de liberdade provisória ou prisão domiciliar aos criminosos. Foram identificadas várias situações em que, depois de conseguida a prisão domiciliar, o integrante da facção fugiu e continuou a praticar crimes. Entre as doenças atestadas estavam Aids, diabete, câncer terminal ou tuberculose.

Além da atuação dos advogados, a facção contava com o auxílio de agentes penitenciários. Em troca do pagamento de propina, eles facilitaram a entrada de objetos ilícitos nas cadeias. Em interceptação de dados, um integrante da FDN chamado Montanha determina a outro que procure um agente prisional ?moreno alto? com ?cara de índio?, que deixaria ?bota as coisas pa dentro la? (sic). Ele informa que a ordem vinha de José Roberto.