Cotidiano

Adesão a novos leilões de aeroportos depende de solução de problemas atuais, diz executivo

SÃO PAULO – O presidente da Inframerica, Paulo Junqueira, avalia que a adesão aos novos leilões de aeroportos depende de qual solução será dada aos problemas enfrentados pelas atuais concessionárias.

? As concessionárias atuais passam por dificuldades e a solução desses problemas vai aumentar a segurança jurídica para os novos participantes ? disse o executivo, sem citar quais são esses problemas.

As novas regras determinam que o ágio e 25% do valor da outorga sejam pagos à vista. O restante da outorga será pago de forma escalonada, sendo menor nos primeiros anos, quando a receita é mais baixa e a necessidade de investimentos, maior. A nova regulamentação deve valer para os certames dos aeroportos de Salvador (BA), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE) e Porto Alegre (RS).

Para o presidente da Inframerica, que administra os aeroportos de Brasília e Natal, são os investidores estrangeiros que têm capacidade de participar como acionistas nesses leilões, mas a necessidade de uma parcela expressiva de recursos à vista vai limitar o interesse.

Entre os problemas enfrentados pelas concessionárias de leilões feitos nos últimos anos está o atraso no pagamento de outorgas ? o que já foi registrado no aeroporto de Guarulhos e Viracopos.

? A perspectiva para o setor está negativa. Vemos necessidade de uma renegociação e reescalonamento dessa dívida. Espera-se uma medida provisória para solucionar o problema ou a devolução das concessões ? disse Bruno Pahl, diretor do grupo de infraestrutura da Fitch Ratings, que realizou nesta quarta-feira, em São Paulo, seminário para debater projetos para o setor.

Na avaliação de Roberto Reis, responsável pela área de secularização do banco Crédit Agricole, a exigência de uma parcela relevante à vista e feito com recursos próprios dos sócios das concessões podem gerar uma concentração setorial.

? As regras de outorga vai limitar a entrada de novos investidores. Pode gerar uma concentração setorial que não é benéfica ? disse.

Alessandro Levy, diretor de relações com investidores da Arteris, o financiamento desses projetos de infraestrutura depende do estímulo ao mercado secundário, já que o BNDES irá entrar com uma parcela menor do montante necessário.

? É preciso viabilizar economicamente esses projetos. É preciso um melhor entendimento entre o poder concedente, os concessionários e o financiamento desses projetos ? disse.