Cotidiano

Adaptação a simulador é de 97% dos CFCs no PR

Apenas 3% das autoescolas não se manifestaram sobre o uso do equipamento

Cascavel – As aulas para quem vai tirar a primeira CNH (Carteira Nacional de Habilitação) nos CFCs (Centros de Formação de Condutores) estão diferentes. Desde a vigência dos simuladores de direção, em 1º de janeiro deste ano, os alunos precisam passar por cinco lições com o simulador de direção.

O equipamento, que já está vinculado a 377 autoescolas em todo o Paraná, e vai atender em breve outras 380 que estão em processo de implantação (com plantas aprovadas e equipamentos prestes a serem entregues). Conforme o Detran/PR (Departamento de Trânsito do Paraná), das 780 empresas ativas no Estado, 48,3% delas se adaptaram ao simulador (204 CFCs têm equipamento instalado e 173 que compartilham com outro CFC). Outras 48,7% aguardam a chegada dos equipamentos e apenas 3% não se manifestaram sobre o uso do equipamento.

Segundo o Detran, as autoescolas podem cadastrar o equipamento a qualquer momento, já que o prazo é indeterminado, desde que tenha projeto aprovado pelo Departamento para tal finalidade. Embora as aulas sejam obrigatórias aos alunos, não há nenhuma penalidade ao CFC que não adquirir o simulador de direção. Caso o CFC não tenha o equipamento, o candidato poderá realizar em qualquer outra autoescola as aulas de simulação veicular. O prejuízo ao CFC é o ganho financeiro dessas aulas, além de correr o risco da evasão dos clientes por não ter o equipamento disponível.

Como funciona

As aulas no simulador de direção duram em média 50 minutos, acompanhadas por um instrutor de trânsito. De acordo com a diretora de ensino Elisabete Maria Fabris, a simulação compõe a carga horária das 25 aulas práticas obrigatórias, além das 45 teóricas. “O aluno dirige um protótipo que traz as mesmas situações enfrentadas na rua, como conversões e simulações à noite”, explica. Tudo é comandado por um software, dentro de uma sala de aula. Após o encerramento, o instrutor aponta e corrige os erros cometidos pelo candidato.

Mas toda essa tecnologia teve um custo às autoescolas. Conforme Elisabete, somente o protótipo exigiu R$ 36 mil, além da mensalidade para a manutenção do sistema. O investimento custou caro também aos futuros motoristas, que viram os valores das CNHs dispararem. Hoje, o preço médio cobrado pela habilitação nas categorias A e B (moto e carro) chega a R$ 2.850. “Foi impossível não reajustar o valor da CNH, pois o equipamento saiu muito caro”, diz a diretora de ensino. Nesse caso, o aumento foi de R$ 300 por aluno. 

A eficácia da ferramenta pedagógica

As informações obtidas por parte dos proprietários quanto às aulas com o simulador de direção foram positivas. De acordo com o Detran, a maioria entende que o equipamento é uma boa ferramenta pedagógica para o processo de formação de condutores, principalmente daqueles com mais idade e dos que nunca tiveram contato com a direção de veículos.  

No entanto, a medida gera controvérsias, especialmente entre os instrutores de trânsito. Fabiano de França, que trabalha na área há cinco anos, pontua algumas situações presenciadas com o simulador que diferem das aulas realizadas na rua. “Uma delas é a embreagem, que solta de um jeito diferente do que se o aluno estivesse no carro”, diz. Conforme Fabiano, nada substitui as aulas práticas na rua.

Elisabete ressalta que as diferenças entre o veículo e o protótipo vão se ajustando com o tempo, como já ocorreu logo no início da vigência. “O software melhorou muito desde sua primeira instalação. Acredito que com o tempo esses pequenos detalhes serão adaptados ao simulador e a prática seja cada vez mais realista”, afirma.