Policial

Acusados de assaltos culpam ex-policial

Cascavel – Uma investigação conduzida pela 15ª SDP (Subdivisão Policial) de Cascavel, com participação da Delegacia Regional de Polícia Civil de Corbélia e de Ubiratã, culminou na prisão de dois homens acusados de integrarem uma associação criminosa de assalto a compristas nas rodovias. Segundo a polícia, os bandidos fingiam ser policiais civis e intimidavam os motoristas para conseguir a abordagem e então efetuar o roubo. Eles são investigados em ao menos dois assaltos ocorridos nos dias 13 de abril e 5 de maio (leia mais nesta página).

Um dos acusados foi preso em Cafelândia e o outro em Mamborê. Alex Fortes, 32 anos, e Alexsandro de Jesus Vergutz, 37 anos, ficaram de costas para as câmeras durante coletiva realizada pela polícia ontem para divulgação da investigação, e, no fim da entrevista eles pediram a atenção da imprensa e então falaram.

Os dois disseram ser inocentes e garantiram que têm provas de onde estavam nos dias em que os crimes foram cometidos. O mais intrigante é que a dupla acusou um ex-policial civil de Ubiratã de integrar a associação criminosa. “Posso provar por filmagem que eu estava em outro local. Sei de um policial civil de Ubiratã que é investigado pelo Gaeco e pega propina dos muambeiros. Ele já foi preso fazendo isso”, acusou Alex.

Ele disse ter uma construtora em Cafelândia e que estava almoçando com a família quando foi preso. “Tenho certeza de que essas duas vítimas que me reconheceram são ‘cria’ dele. Eu me envolvi em uma associação criminosa assim em 2012, mas paguei pelo que fiz e não estou envolvido no que estão me acusando agora”, acrescentou.

O outro suspeito contou que estava no Piauí no dia 13 e tem como comprovar. “É só a polícia quebrar o sigilo telefônico do celular que eles apreenderam. Fiz compras no cartão nesse dia, ligações, e vou provar, eu e meu advogado, que não fui eu”, declarou.

Servidor afastado

O delegado de Ubiratã, Victor Batista, disse que já tinha conhecimento da situação envolvendo o policial civil e que o caso envolvendo o servidor ocorreu há dois anos, quando, inclusive, ele perdeu o cargo. “Fui eu quem cumpri o mandado contra esse policial, inclusive eu tinha acabado de chegar a Ubiratã, na época”. O nome dele não foi revelado.

De acordo com o delegado, há depoimento de testemunhas e outras provas que comprovam que os dois presos apresentados pela polícia ontem estão envolvidos nos casos investigados.

Dois roubos com as mesmas vítimas

De acordo com a Polícia Civil, os dois presos apresentados ontem, em parceria com dois foragidos da Justiça, identificados como Ivanir Borda e Edmar Francisco de Salles, participaram de pelo menos três assaltos.

No dia 13 de abril, duas mulheres de Foz do Iguaçu seguiam pela BR-369 quando foram abordadas por um Vectra, cor chumbo, em Corbélia. Três rapazes estavam no carro e abordaram as vítimas, identificaram-se como policiais civis e alegaram se tratar de uma denúncia de que haveria drogas no automóvel. Os três teriam ameaçado as mulheres e roubado R$ 20 mil em mercadorias.

Essas duas vítimas estavam em outro assalto, registrado dia 5 de maio, desta vez na BR-277.

São essas duas mulheres que os dois presos apresentados ontem acusam de compactuarem com o ex-policial civil que estaria envolvido nos crimes. Elas reconheceram os dois e também Ivanir Barbosa, um dos foragidos.

Ambos questionam a coincidência de serem as mesmas vítimas dos dois assaltos e a razão de elas terem registrado boletim de ocorrência em Ubiratã, e não em Corbélia, onde ocorreu o crime.

O caso segue em investigação pela polícia, que diz que as vítimas foram as mesmas porque são pessoas que andam com grande quantidade de mercadorias e são monitoradas pelos bandidos. O veículo usado pelos ladrões não foi localizado e a desconfiança é de que a quadrilha tenha mais membros envolvidos.

Ladrões violentos

Conforme a Polícia Civil, os criminosos que atuam com assaltos a compristas são violentos. Eles ficam nas rodovias e se passam por policiais civis, com veículos que são forjados para se parecerem com viaturas e alegam ter recebido denúncia de que o veículo abordado estava com material ilícito.

Trata-se de quadrilha forte, que usa armamentos pesados, e que estuda os compristas antes de abordá-los. “Não estamos incentivando as pessoas a fugirem da abordagem policial. Porém, por se tratar de rodovia, se for mesmo uma ação policial, terá a parceria da PRF [Polícia Rodoviária Federal] e um montante mais expressivo de viaturas e de homens”, explica o delegado-chefe da 15ª SDP (Subdivisão Policial), Nagib Nassif de Palma.