Cotidiano

Academia Brasileira de Letras faz nesta quinta sua última eleição do ano

54005215_Data 09-11-2015 Editoria Cultura Reporter Vera Lucia Bueno de Marcos Local Rio.jpg

RIO ? Na última de uma rara série de três eleições seguidas no último mês, a Academia Brasileira de Letras (ABL) escolhe hoje, a partir das 16h, no Petit Trianon, o novo ocupante da Cadeira 22, vaga com o falecimento do acadêmico e médico Ivo Pitanguy, ocorrido no dia 6 de agosto deste ano. Após a vitória folgada do dramaturgo e poeta Geraldo Carneiro, que no dia 27 de outubro recebeu 33 dos 34 votos possíveis, e a disputa acirrada, há duas semanas, que consagrou o economista Edmar Bacha com apenas três votos a mais do que o jurista Eros Grau, mais dez candidatos concorrem a um lugar na casa fundada por Machado de Assis. Entre eles, dois nomes despontam como favoritos: o do filósofo, poeta e letrista Antonio Cicero e o do cientista político Francisco Correa Weffort. Nos bastidores, comenta-se que a eleição do musicólogo Ricardo Cravo Albin, também na disputa, é garantida para uma outra cadeira no futuro.

Concorrem ainda o filólogo e ex-presidente da Faberj Walmirio Macedo, a jornalista e escritora Lêda Prado, o historiador e geógrafo Eloi Angelos Ghio D?Aracosia, o colunista social Jeff Thomas, o poeta José Itamar Abreu Costa e os escritores Guedes de Oliveira, Joana Rodrigues e Alexandre Figueiredo.

Mais cotado na disputa, Francisco Correa Weffort, 79 anos, é doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo. Além de publicar diversos ensaios e estudos, também participou ativamente da vida político-partidária do país. Pertenceu à cúpula do Partido dos Trabalhadores. Nos anos 1990, assumiu o cargo de ministro da Cultura no governo Fernando Henrique Cardoso. Um de seus programas mais importantes foi o Monumenta, criado para a recuperação sustentável do patrimônio cultural edificado urbano brasileiro sob tutela federal. Foi diversas vezes professor visitante e pesquisador em instituições de ensino no exterior.

Seu principal concorrente, Antonio Cicero, 61 anos, é mais conhecido do grande público por compor a letra de canções importantes da música popular brasileira, como ?Fullgás?. Tem parcerias com João Bosco, Lulu Santos, e sua irmã Marina Lima, entre outros compositores. Autor de coletâneas de poesia como ?Porventura? (2012) e de ensaios filosóficos como ?O mundo desde o fim? (1995), Cicero também tem um vasto trabalho como poeta e filósofo.

Um dos principais pesquisadores de música popular brasileira, o musicólogo Ricardo Cravo Albin já comentou que o Nobel de Literatura dado este ano ao cantor e compositor Bob Dylan serviria de incentivo para a ABL premiar ? pela primeira vez ? algum representante da música popular. Mas, por esse caminho, ele teria que enfrentar a concorrência forte de Cicero.

A cadeira 22 teve como fundador Medeiros e Albuquerque, que escolheu como patrono José Bonifácio, o Moço. Entre seus ocupantes anteriores, estiveram nomes como Miguel Osório de Almeida e Luís Viana Filho.