Esportes

Abertura da Paralimpíada terá humor negro e abordará inclusão

Screenshot_2.jpgA Cerimônia de Abertura dos Jogos Paralímpicos, que acontecerá no próximo dia 7, será marcada pelo humor negro, mudança do posicionamento da pira no Maracanã, revezamento de tocha de fazer qualquer um se emocionar e pela valorização da humanidade, em especial, sobre os conceitos de tolerância e respeito. Ela também promete ser multisensorial e não ficar refém da “ditadura da visão”, conforme explicou Fred Gelli, um dos diretores criativos da cerimônia.

– É uma cerimonia muito humana. Vamos falar muito na questão multissensorial. O mundo vive uma ditadura da visão, de como somos reféns dela, é o “ver para crer”. Mas vale lembrar que existe a ilusão de ótica. E não existe uma ilusão com os outros sentidos. Em nossa cerimônia, contamos com a opinião de deficientes visuais no processo criativo – disse Gelli. Paralimpíada (ESPORTE) em 2 de setembro

Único deficiente físico entre os diretores criativos, o escritor e jornalista Marcelo Rubens Paiva foi essencial para dar uma sensibilidade maior à cerimônia. A ideia é mostrar o universo paralímpico. E, por ser cadeirante, ele sabe que o humor negro é muito presente em piadas internas entre deficientes. Eles brincam com as próprias deficiências. E Marcelo garante que a cerimônia também terá um lado de humor do próprio evento em si.

– A cerimônia olímpica tem que ficar muito ligada à historia e cultura do país. Tivemos o Santos Dumont, a caravela dos portugueses… Nas paralímpiadas, a história é outra. Nós estamos mais ligados nos valores da humanidade. Mas vamos ter seções ligadas ao Brasil, em especial ao Rio. Por sinal, tem uma seção de praia muito linda – disse o escritor.

Marcelo foi importante para inserir melhor os outros dois diretores criativos, que são Vik Muniz e Fred Gelli, no universo paralímpico. O escritor ensinou que a palavra superação deve ser usada de um modo diferente. De acordo com ele, superação acontece quando um atleta vai até a pista e quebra um recorde. E viver com a deficiência nada mais é do que uma adaptação.

A pira olímpica ficará em um espaço diferente. Nas cerimônia de abertura e encerramento das olimpíadas, ela ficou no norte e no sul do estádio. Desta vez, estará na parte leste. Também diferentemente do que aconteceu nas olimpíadas, a cerimônia de abertura paralímpica não sofreu cortes de orçamento, segundo garantiu o produtor executivo Flavio Machado.

Outra grande diferença será na entrada dos paratletas. Na cerimônia olímpica, eles entram por último para fechar a festa. Na paralímpica, por pedido dos próprios paratletas, as delegações entram no começo para ver toda a festa. Com cerca de 18 minutos de cerimônias, as delegações devem começar a entrar no estádio.

Um ponto alto da abertura será a entrada da bandeira do Brasil. Será um deficiente físico, não atleta, mas que promete emocionar muito o público. “Preparem os lencinhos para este momento”, disse Marcelo Rubens Paiva.

As paralímpiadas também terá sua Gisele Bundchen. Será a americana Amy Purdy, que não tem as duas pernas e é um dos maiores nomes do snowboard paralímpico. O que ela fará exatamente ainda é segredo, mas será uma apresentação entre quatro e cinco minutos com muita dança. Ela ficou muito famosa também por ter participado de um reality show sobre dança. Mas, diferentemente do que aconteceu no programa televisivo quando teve apenas um parceiro de dança, ela terá de dançar com mais de uma pessoa na cerimônia.

– Estou muito animada. Será uma experiência incrível. Minha apresentação tem a ver com a relação humana com a tecnologia. E mostra como o espírito humano é mais forte que a tecnologia. Mas no esporte paralímpico é preciso ter os dois, eles estão muito ligados. É esta mensagem que pretendo passar – disse Amy.