Esportes

A um mês da Olimpíada, CNN faz reportagem sobre superbatéria na orla

RIO – Uma reportagem publicada pela CNN, nesta terça-feira, cita um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que detectou uma superbactéria em praias da Zona Sul da cidade. O estudo foi publicado pelo GLOBO no mês passado. A rede americana diz que “cientistas brasileiros detectaram uma bactéria resistentes a medicamentos que crescem na costa de algumas das praias mais deslumbrantes do Rio, a um mês antes os Jogos Olímpicos de 2016”.

Eles visitaram o laboratório da UFRJ e entrevistaram a professora do Instituto de Microbiologia da instituição e coordenadora da pesquisa, Renata Picão. “Descobrimos que as ameaças ocorrem em águas costeiras em uma variedade de concentrações e que eles estão fortemente associados com a poluição”, disse a Renata Picão à CNN.

Em junho, a reportagem do GLOBO mostrou que a cada mergulho no mar, o carioca pode acabar entrando em contato com superbactérias. E isso pode acontecer não apenas em praias comumente impróprias para banho, como Flamengo e Botafogo, mas em Copacabana, Ipanema e Leblon. A pesquisa identificou a presença de Klebsiella pneumoniae Carbapenemase (KPC) nesses locais.

Para o estudo, foram coletadas dez amostras de água em cinco praias, entre setembro de 2013 e setembro de 2014, em pontos onde o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) recolhe material para aferir a balneabilidade. A análise dos dados só foi concluída no fim de maio deste ano. A KPC é encontrada principalmente em ambiente hospitalar e, segundo especialistas, não causa danos imediatos à saúde de pessoas saudáveis. Porém, em indivíduos com o sistema imunológico debilitado pode provocar infecções pulmonares e urinárias e até levar à morte.

Na ocasião, Renata Picão disse ao GLOBO que o resultado indica que a falta de saneamento ainda é um problema no Rio. Para ela, são as ligações clandestinas de esgoto nos rios, que desembocam nas praias e na Baía de Guanabara, que causam esse cenário. Segundo a coordenadora da pesquisa, a coleta dos dados foi feita até 2014, mas nada indica que o resultado seria diferente hoje, mesmo com a construção de galerias de cintura na Lagoa e na Marina da Glória.

Em 2014, a UFRJ divulgara outra pesquisa, com coleta feita em fevereiro de 2013, apontando KPC no Flamengo e em Botafogo. Os resultados levaram à ampliação dos estudos. No trabalho mais recente, a taxa média no Leblon foi de 3,4 Unidades Formadoras de Colônias (UFC) a cada 100 mililitros de água; 2,2 UFC, em Ipanema; 0,02 UFC em Copacabana; 3,9 no Flamengo; e 1.091 em Botafogo.

O Inea havia informado que segue a legislação federal, que não determina a análise de superbactérias, e que “não há estudos científicos suficientes que correlacionem a contaminação de bactérias tipo KPC dentro do ambiente aquático”. Além disso, “os estudos atuais correlacionam os riscos de contaminação no ambiente hospitalar”.