Cotidiano

A transformação da notícia, da mesa à palma da mão

2016_885863663-208190450.jpg_20160204 (1).jpgRIO ? Assim como outros jornais, o GLOBO foi fundado como um veículo
essencialmente impresso, mas ao longo dos anos, especialmente nas últimas
décadas, buscou outras formas de alcançar o leitor. A criação do site ?Globo
On?, em julho de 1996, foi a primeira das
iniciativas no mundo digital. Hoje, o jornal impresso pode ser lido em
plataformas digitais por meio de aplicativos ou pela web, e todo o conteúdo é
distribuído para smartphones
e outros dispositivos, e por diferentes canais, como as redes sociais.

? Parafraseando Milton
Nascimento, o jornalismo tem que ir aonde o leitor está ? diz Rosental Calmon
Alves, diretor do Centro Knight para
o Jornalismo nas Américas, ligado à Universidade do Texas.

A multiplicação de dispositivos começou com o lançamento do iPhone, em 2007.
Até então, a internet era acessada essencialmente pelos computadores de mesa, os
hoje raros desktops, e
notebooks. Em menos de dez anos, estimativas indicam que os smartphones chegaram às mãos de nada menos que 2
bilhões de pessoas no mundo, segundo a consultoria eMarketer. No Brasil, de acordo com a FGV, são
168 milhões de aparelhos ativos.

Em 2010, a Apple revolucionou o mercado novamente, ao apresentar o iPad. Segundo a eMarketer, já existem no mundo mais de 1 bilhão
de tablets, de
todos os modelos e tamanhos, mas o mercado já está em retração por causa do
aumento do tamanho das telas dos celulares.

Para se adequar aos novos dispositivos, veículos de comunicação lançaram
aplicativos e versões mobile para os sites. O GLOBO lançou uma versão adaptada
do site para as telinhas dos celulares ainda em 2007, adiantando a popularização
dos smartphones. Um ano antes, lançou a versão
digital do jornal impressa. Primeiramente para web, mas depois para tablets e smartphones.

Em 2012, o jornal inovou ao lançar uma revista vespertina para iPad, o GLOBO A Mais. O produto foi vencedor do
Prêmio Esso de
maior contribuição ao jornalismo naquele ano, mas foi descontinuado três anos
depois.

? A grande mudança que aconteceu do desktop para os smartphones foi que as pessoas pararam de ir para
a web atrás de notícias, elas foram para os aplicativos ? afirma Joshua Benton,
diretor do Nieman
Journalism
Lab, ligado à Universidade Harvard. ? A revolução
está acontecendo, tudo é muito experimental. Mas as grandes organizações estão
apostando em aplicativos próprios, para criar um canal direto com os
leitores.

CANAL DIRETO COM O LEITOR

Para os dois especialistas, a conexão direta, sem a mediação do Google ou
redes sociais, é o caminho a ser trilhado pelas organizações de imprensa. Com a
popularização das redes sociais, grande parte do tráfego dos sites noticiosos
vêm do Facebook, Twitter e outras plataformas. Os veículos precisam encontrar
formas de alcançar o leitor de forma direta, e experiências sendo realizadas. A
velha conhecida newsletter,
por exemplo, voltou com força para as redações.

Mas não basta criar estratégias e aplicativos para atacar os dispositivos, é
preciso adaptar o conteúdo para os novos formatos. Essa é a recomendação de
Feliphe
Lavor, diretor de Experiência do Usuário da Agência Huge, em Nova York. Segundo ele, os veículos de
imprensa precisam compreender que o ambiente mobile requer uma nova linguagem,
que mescla técnicas antes tratadas de forma separada, com vídeos, áudios,
imagens e texto.

? O conteúdo precisa ser formatado para ser consumido no celular, com
conteúdos em diferentes formatos que conversem entre si. Por exemplo, uma
matéria tem que complementar um tuíte, que se relaciona com uma publicação no
Facebook com um vídeo ? diz Lavor. ? As pessoas têm demanda por conteúdo, e os
veículos precisam ocupar esse espaço, senão elas vão caçar Pokémons.

Essas
e outras mudanças no fazer jornalístico e os impactos da tecnologia na
vida das pessoas serão abordados no evento ?Evolução das mídias na era
digital?, que celebra os 20 anos do site do GLOBO. O debate acontece no
dia 28 de julho no Senac Rio, que fica na Rua Marquês de Abrantes 99,
Flamengo.