Cotidiano

A tragédia grega como exemplo da conta que não fecha

Greece BailoutNos preparativos para a Olimpíada, a cidade ganhou novos meios de transporte, como a ampliação do metrô, linhas exclusivas e rápidas para os ônibus e um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), além de modernas instalações olímpicas, que viram a acabar como elefantes brancos. Poderia ser o Rio, mas foi Atenas-2004. Na volta dos Jogos ao local onde foram criados, o que ficou de legado, e exemplo negativo para a nova anfitriã, foi uma conta que, ainda, não fecha.

calamidade 2O escasso controle na execução e custo obras, abandono das instalações esportivas e o aumento progressivo dos custos de realização teriam sido o início da calamidade financeira na qual a Grécia mergulhou nos anos seguintes. E de onde luta para sair.

Sem sequer conseguir precisar o tamanho do rombo financeiro, as autoridades econômicas da Grécia e seus respectivos partidos políticos chegaram a diversos valores, mas jamais ao consenso. O custo pode ter sido de: ? 6 bilhões ou de até ? 30 bilhões. O Comitê Olímpico Internacional (COI) diz que os Jogos custaram ? 1,3 bilhões. Em novembro de 2004, o governo grego anunciaria oficialmente um custo de ? 8,5 bilhões (R$ 36,7 bilhões).

Seja qual for o número, a realidade expôs a incapacidade de a Grécia lidar financeiramente com um evento do porte das Olimpíadas. Em 2004, o país já era o segundo mais pobre da União Europeia.

SEM TRANSPARÊNCIA

A falta de transparência e zelo com os dados, inclusive, agravou o problema quando o caos financeiro explodiu. No decorrer da crise da dívida pública da zona do euro, a partir de 2008, a tragédia grega se intensificou, porque foi descoberto que o governo ocultava o valor real da dívida nacional.

O vexame maior aconteceu quando a Grécia teve que pedir, em 2010, e simbolicamente, US$ 1 aos bancos da União Europeia. Em 2015, os bancos gregos perdoaram as dívidas dos mais pobres, em meio aos diversos pacotes econômicos de austeridade.

Antes mesmo de tudo começar, no ano 2000, o COI já alertava para o atraso nas obras de infraestrutura e das instalações olímpicas e ameaçava retirar o evento de Atenas. Jornalistas que cobriram o evento relataram que era comum ver pelas ruas operários trabalhando, assim como guindastes, caminhões e etc…Um canteiro de obras a céu aberto.

Nenhum grande problema foi relatado durante as competições. Mas o pior veio quando a chama olímpica se apagou e a conta chegou.