Cotidiano

'A minha convicção é que houve estupro, diz delegada que investiga crime

IMG_3744 (1).JPGRIO – A delegada Cristiana Bento, titular da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav), afirmou que está convicta de que houve o estupro coletivo da adolescente em uma comunidade da Praça Seca, na semana passada. Segundo a delegada, pelo tempo que demorou para fazer o exame, o laudo pericial não provou indícios de violência, apesar disso, há provas suficientes de que houve a violência sexual.

– Assumi ontem (domingo) a coordenação do inquérito policial. Me debrucei nele o dia todo, a madrugada, e entendi que havia indício suficientes para pedir prisao temporaria e poder investigar com mais calma. Nos crimes sexuais, o exame de corpo de delito é importante, mas não determinante para o fato. Se esssa menina estava desacordada, não vai ter lesão porque não havia resistência. Temos que verificar outras provas. A minha convição é que houve estupro – disse a delegada, que completou:

– Tanto é que está no vídeo, que mostra um rapaz manipulando a menina. Quero provar a extensão desse estupro. Se foram 5, 10 ou 30. Queremos verificar quantas pessoas praticaram esse crime. Mas houve o crime.

A afirmação foi feita durante uma coletiva na Cidade da Polícia. A perita legista do Instituto Médico-Legal (IML), Adriane Rêgo, que também participa da coletiva, afirmou que não houve violência física.

– Quanto mais próximo da violência, mais fácil é detectar o vestígio. Até 72 horas depois da violência, dá para saber se havia espermatozóide. Mas o fato de não ter vestígio não significa que não houve crime. As lesões encontradas vai depender da intensidade, da idade e da frequencia – ponderou.

TRAFICANTES TIRAM AS MENINAS DE CASA

Além de Cristiana Bento e Adriana Rêgo, participam da coletiva o delegado Fernando Veloso, chefe da Polícia Civil; Márcia Noele, coordenadora das Delegacias de Atendimendo a Mulher (Deam); e o presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB-RJ, Breno Melaragno.

O laudo sobre o estupro coletivo sofrido por uma adolescente de 16 anos no Morro do Barão, na Praça Seca, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, foi divulgado na tarde desta segunda-feira.

No início da manhã, a Polícia Civil fez uma operação em várias comunidades à procura de seis envolvidos no caso e que já são considerados foragidos. São eles: Sérgio Luiz da Silva Júnior, conhecido como Da Russa, Marcelo Miranda da Cruz Correa; Raphael Assis Duarte Belo; Michel Brasil da Silva; Lucas Perdomo Duarte Santos; e Raí de Souza. Da Russa é apontado como chefe do tráfico do Morro do Barão, na Praça Seca. Estupro – 30/05

Os agentes estiveram na Cidade de Deus e na comunidade do Rola, além dos bairros do Recreio dos Bandeirantes, Taquara e Praça Seca, todos na Zona Oeste.

Na noite deste domingo, a advogada Eloísa Samy informou que não está mais atendendo a adolescente vítima de estupro. Eloísa orientava a jovem desde o início do caso. Ela informou que a avó da jovem agradeceu o trabalho e disse que a menina entraria para o Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM).

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